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Famílias das vítimas da operação na Maré reclamam da falta de informações

O desencontro de informações entre hospital e IML está confundindo os parentes. Até as 10h, apenas familiares de Maria José haviam ido ao local reconhecer o corpo da vítima

Operação na Maré deixou cinco mortos e 11 feridos
Operação na Maré deixou cinco mortos e 11 feridos -

Rio - Famílias de quatro das cinco vítimas mortas na operação da Polícia Militar que aconteceu no Parque União, Nova Holanda, Parque Rubens Vaz e Parque Maré, no Complexo da Maré, nesta terça-feira, ainda não estiveram no Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, para reconhecimento e liberação dos corpos. O desencontro de informações entre hospital e IML está fazendo os parentes ficarem sem saber para onde ir. 

Na ação morreram Willian Filgueira de Oliveira, Marcos Paulo Fernandes Motta, Thiago Ramos Pereira da Costa, Maria José da Silva Videira e um quinto homem ainda não identificado. Até as 10h, apenas familiares de Maria José, mais conhecida pelos moradores da Nova Holanda como Zezé, haviam ido ao local reivindicar e reconhecer o corpo da parente. No entanto, eles reclamaram da falta de informação e do jogo de empurra entre o hospital e o IML.

Evitando falar com a imprensa, os parentes da mulher se limitaram a dizer que não sabiam se o corpo estava no IML. "As informações estão desencontradas. Estamos aqui esperando (notícias do IML)”, disse uma familiar.

Ação da PM deixou cinco mortos e 11 feridos

A operação da Polícia Militar no Complexo da Maré resultou na morte de cinco pessoas e deixou 11 feridas. A Avenida Brasil chegou a ter uma das pistas fechada, quando moradores levaram o corpo do professor Willian Filgueira de Oliveira para as margens da via. Cerca de 800 quilos de drogas, uma pistola, um fuzil Airsoft, dois canos de fuzil FAL, uma luneta, um colete à prova de balas, uma granada e nove veículos (três carros e seis motocicletas)foram apreendidos.

De acordo com a ONG Redes da Maré, a PM desrespeitou uma Ação Civil Pública que impede operações policiais durante a noite e madrugada no complexo. À imprensa, o porta-voz da PM, major Ivan Blaz, disse que não há informações sobre o impedimento das ações no período noturno.

O DIA entrou em contato com a Defensoria Pública — responsável pela Ação Civil Pública da Maré (que proíbe a atuação da PM durante a noite na comunidade) — para que o órgão comentasse o descumprimento da decisão judicial por parte da Polícia Militar. Entretanto, a Defensoria Pública não respondeu à reportagem. Na tarde de ontem, a Secretaria de Segurança Pública do Rio, através do secretário Richard Nunes, foi procurada para comentar o caso. A pasta se recusou a responder os questionamentos do DIA.

O governador Luiz Fernando Pezão, também foi procurado para comentar o descumprimento da Ação Civil Pública da Maré. A assessoria de imprensa do Governo do Estado disse que não iria falar sobre o fato. O único órgão que se pronunciou foi o Tribunal de Justiça do Estado do Rio, por nota, dizendo que a decisão da Justiça em relação a proibição da PM em entrar na Maré a noite continua valendo.