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Polícia Civil faz operação contra o tráfico e a venda ilegal de gás em favelas da Zona Norte

Pelo menos 13 pessoas já foram presas em cumprimento aos mandados

Material apreendido durante a "Operação Butano" no Complexo do Alemão
Material apreendido durante a "Operação Butano" no Complexo do Alemão -

Rio - Policiais civis da 44ª DP (Inhaúma) fazem a operação "Butano" desde o início da manhã desta quarta-feira contra uma quadrilha que pratica o monopólio de venda ilegal de gás e também o tráfico de drogas em favelas da Zona Norte do Rio. A ação tem o objetivo de cumprir 17 mandados de prisão e 25 de busca e apreensão no Morro Engenho de Dentro, Engenho da Rainha, no Complexo da Penha e do Alemão. Pelo menos 13 pessoas já foram presas em cumprimento aos mandados, entre eles dois policiais militares que recebiam propina para fazerem vista grossa aos crimes.

Os militares são um sargento, identificado como Marcos Alexandre, do 6º BPM (Tijuca), e um soldado da Polícia Militar. são lotados na UPP Fazendinha.

De acordo com as investigações, os criminosos impõem o monopólio da venda de gás e impedem a concorrência através de ameaças. Apenas um distribuidor estava autorizado a fornecer o produto nas regiões sob domínio da quadrilha e os comerciantes tinham que comprar dele. O esquema era comandado por Marcelo Fonseca de Souza, o Marcelo Xará. Ele foi preso em um condomínio de luxo em Belém do Pará, Norte do país. O filho do criminoso também é alvo da ação e está foragido.

Segundo as investigações, o gás era vendido a R$ 60, mas dias considerados "de pico", como finais de semana, dias de jogo e feriados, chegava ao valor de R$ 80. Os envolvidos serão indiciados por organização criminosa, extorsão, crime contra o consumidor e lavagem de dinheiro. Todos os presos estão sendo levados para a Cidade da Polícia.

Durante a ação no Complexo da Penha e no Alemão houve troca de tiros. Na Fazendinha, policias da UPP que apoiam a operação da Polícia Civil apreenderam drogas, material para endolação, rádio transmissores e fogos de artifício.

A mulher e filha de um dos presos está na Cidade da Polícia nesta manhã. Elas alegam que os policiais chegaram na casa da família em Olaria por volta de 6h e o prenderam, mas disseram não saber o motivo. As duas afirmam que a revenda de gás que eles possuem no bairro desde 2007 é legalizada.

Chefe de quadrilha solto há quatro meses

Marcelo Fonseca de Souza, o Marcelo Xará, apontado como o líder do grupo, estava em uma mansão em Belém do Pará, no Norte do país. Ele estava preso desde 1994 e foi solto em julho deste ano.

De acordo com a polícia, Xará comandou de dentro de Bangu a tentativa de invasão ao Morro dos Macacos, em Vila Isabel, que terminou com a derrubada de helicóptero da Polícia Militar em outubro de 2009. À época, três militares morreram.

O traficante cumpria pena por tráfico, associação para o tráfico, sequestro, homicídio e assalto. Em 2016, a Vara de Execução Penal (VEP) autorizou a transferência de Xará para presídios federais fora do Rio, a pedido do governo, mas em 2017 o criminoso voltou para Bangu.

*Estagiário, sob supervisão de Adriano Araujo