Um dos versos do samba Nomes de Favela, de Paulo César Pinheiro, diz "E a vida é um inferno na Cidade de Deus". Infelizmente, a rotina de moradores do conjunto habitacional criado na década de 1960, pelo então governador Carlos Lacerda, tem sido de tiroteios quase diários, medo e insegurança. Ontem, o amanhecer na comunidade da Zona Oeste do Rio não foi diferente. Durante operação da Polícia Civil para apreender menores envolvidos com o tráfico, moradores ficaram mais uma vez sob fogo cruzado.
Uma moradora que não quis se identificar contou que a polícia chegou atirando. "Acordei com o barulho do helicóptero, era por volta de 5h30. Eles chegaram atirando quando não tinha mais bandido nenhum na rua", diz. "Sou a favor da ação dos policiais, mas estamos no meio disso tudo. O problema é a forma que eles chegam", lamenta.
Na ação, dois suspeitos ficaram feridos e 43 pessoas foram detidas, entre alvos de mandados de prisão e presos em flagrante. Também foram apreendidos um fuzil, quatro pistolas, uma granada, uma mira telescópica para fuzil, munição e entorpecentes.
A megaoperação, comandada pelo Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), contou com 220 agentes de delegacias especializadas, com apoio de dois helicópteros e blindados. Os agentes encontraram um muro de concreto com canos onde bandidos posicionam fuzis para atirar contra policiais.