Mais Lidas

Megaoperação mira 80 suspeitos de integrar quadrilha que rouba veículos na Vila Kennedy

Bando atua na Vila Kennedy e região, fazendo o desmanche de veículos comprados em leilões e roubando outros

Policiais estão na Vila Kennedy desde o início da manhã desta terça
Policiais estão na Vila Kennedy desde o início da manhã desta terça -
A Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) faz, desde as primeiras horas desta terça-feira, uma megaoperação para prender 80 suspeitos de integrar uma quadrilha especializada em roubo de carros na Vila Kennedy e região. Na Operação Lego, como foi batizada, além das prisões, a Polícia Civil também pretende cumprir 40 mandados de busca e apreensão no bairro da Zona Oeste do Rio e em outros pontos da cidade.
Até o momento, oito pessoas foram presas e um caminhão reboque foi apreendido. Ainda não há a identificação deles.
Durante as investigações, que duraram cerca de três meses, os policiais descobriram que o bando tem como base a Vila Kennedy, mas também atua em bairros vizinhos, como Campo Grande, Santa Cruz e Bangu.
"(As investigações começaram) a partir do alto índice de roubo de veículos na região. Aqui é uma região que temos conhecimento de que é sensível esse tipo de crime", destacou o titular da DRFA, o delegado Alessandro Petralanda. "Começamos um trabalho de investigação e vimos que tem esse grupo criminoso que roubava e fazia com que os índices subissem demasiadamente".
Segundo o delegado, a quadrilha age comprando carros amassados, batidos e praticamente irrecuperáveis em leilões, por um valor bem abaixo do mercado. A partir daí, eles roubam outros veículos do mesmo modelo para desmanchá-los e retirar peças para reconstruir os automóveis dos leilões.
"Depois, eles vendiam esse veículo para o mercado a preço de mercado mesmo e esse valor era revertido para essa organização criminosa para que eles pudessem comprar armas e drogas", o titular da DRFA detalhou
USO DOS CARROS
Os criminosos usavam os carros reconstruídos para transportar armas, drogas e criminosos entre comunidades, além de revendê-los para conseguir recursos para a quadrilha. Durante anos, os bandidos movimentaram milhões de reais no esquema.
"Eles roubavam tanto que esses veículos também eram usados para transportar drogas de outros estados para o Rio de Janeiro e também de outros países, como o Paraguai", Petralanda acrescentou.
Ainda de acordo com o delegado, o bando não tem uma liderança específica, agindo como uma empresa com vários diretores. Após o roubo, eles se reuniam para decidir o que iriam fazer com o veículo.
"Primeiro eles roubavam os carros, quando chegavam aqui nas comunidade - eles traziam todos para cá... daqui, o grupo se reunia e decidia o que iria fazer com o carro. Alguns até eram para corte para levar para alguns ferro-velhos, que receptavam essas peças. Eles roubavam tanto que sobrava peça e eles colocavam em ferros-velhos para venda. O que eles pudessem ganhar dinheiro com esses carros roubados eles ganhavam", o delegado destacou.
A operação de hoje conta com cerca de 200 policiais civis. Além da DRFA, quatro blindados da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), um helicóptero da secretaria e diversas delegacias dão apoio à ação. Os presos e os materiais apreendidos estão sendo levados para a Cidade de Polícia, no Jacaré, Zona Norte..
TIROTEIO
No início da operação, por volta das 6h, houve uma intensa troca de tiros na Vila Kennedy. Por volta das 8h40, novos tiros foram disparados na comunidade. Os tiroteios aconteceram principalmente nas localidades conhecidas como Malvinas e Congo.
"Encontramos resistência na entrada (dos policiais), como era de se esperar, mas rapidamente dominamos o local, rapidamente estabilizamos a comunidade, para que as equipes pudessem entrar e cumprir os mandados de prisão", contou Petralanda.
Em um vídeo divulgado pelo aplicativo "OTT-RJ" é possível ouvir um dos momentos dos tiros na região; confira!
PREJUÍZO DE R$ 500 MIL
 
No sábado, a DRFA apreendeu 40 kg de pasta base de cocaína da quadrilha, que estavam em um Fiat Toro, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense. A droga está avaliada em R$ 500 mil e iria para o Complexo do Chapadão, na Zona Norte da capital.
"Esse carro que a gente apreendeu, junto com essa apreensão dos 40 kg, ele é um carro também montado em leilão, com peças roubadas", o delegado disse.