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Operários mortos temiam tragédia

Foram soterrados quando instalavam manilhas

Funcionários temiam pela própria vida, devido às condições de trabalho
Funcionários temiam pela própria vida, devido às condições de trabalho -

Os operários Raphael Carvalho, de 24 anos, e Douglas Gouveia, de 28, exerciam funções diferentes das que foram contratados, no canteiro de obras em Paciência, na Zona Oeste, onde morreram soterrados na noite de quarta-feira. De acordo com familiares, ambos foram contratados pela empresa GSilva Terraplanagem como ajudantes, mas faziam a instalação de manilhas.

A companheira de Raphael, Marcele Rodrigues, disse que ele fazia queixas sobre as condições de trabalho. "Ele falava que era uma profissão de alto risco, porque trabalhava dentro de um buraco. De duas semanas para cá ficou frequente (a reclamação). Parece que ele estava sentindo que algo ia acontecer", relatou.

Raphael queria se casar com a dona de casa porque tinha medo de deixar Marcele e a enteada de 4 anos desamparadas. "Ele me pediu os documentos para se casar comigo, porque tinha medo de acontecer alguma coisa", disse.

Amigo de infância de Douglas e primo de sua esposa, Diogo Hélcio disse que ele reclamava das condições de trabalho devido à profundidade do buraco. "Quando chegamos ao local da obra, nos deparamos com a cena dos dois caídos no chão e foi aquele baque", disse Diogo. Douglas era pai de uma menina de 8 anos.

Em nota, a Fundação Rio-Águas informou que, segundo a empresa contratada, o cargo de ajudante permitia que o funcionário auxiliasse no trabalho de instalação de manilhas. A GSilva Terraplanagem disse que não vai se pronunciar sobre o caso. A Polícia Civil investiga as circunstâncias das mortes. Os operários serão sepultados hoje, às 16h e 16h30, no cemitério de Campo Grande.