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Ao menos duas pessoas mortas no Complexo do Salgueiro não tinham passagem pela polícia

Até o momento, sete das oito vítimas já tiveram as identidades identificadas por agentes da Delegacia de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo

Chacina no Complexo do Salgueiro em São Gonçalo, nesta segunda feira (22).
Chacina no Complexo do Salgueiro em São Gonçalo, nesta segunda feira (22). -
Rio - Ao menos duas pessoas que morreram no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, não tinham passagens pela polícia. De acordo com a Polícia Civil, os jovens David Wilson de Oliveira Antunes, 23 anos, e Kauã Brener Gonçalves Miranda, 17, não tinham passagem. Até o momento, sete das oito vítimas já tiveram as identidades identificadas por agentes da Delegacia de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG), que investiga as circunstâncias das mortes. 
Eles foram mortos em uma área de mata na região da Palmeira, no Complexo do Salgueiro. Os corpos foram encontrados por moradores do local, que os retiraram de dentro de um mangue um dia depois de uma operação de PMs do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Os militares foram acionados para atuar no conjunto de favelas no sábado, após um sargento lotado no 7º BPM (São Gonçalo) morrer durante confronto com traficantes.
Ao O DIA, o parente de uma das vítimas, que não quis se identificar, contou que funcionários do Instituto Médico Legal (IML) o informaram que o reconhecimento do corpo teria que ser feito do tórax para baixo, uma vez que os rostos das vítimas estavam irreconhecíveis e com sinais de tortura. "Informaram que era melhor não ver o rosto porque estava irreconhecível, esfaquearam tudo, arrancaram o olho. Para fazer o reconhecimento, tivemos que fazer da parte do tórax para baixo, reconhecendo as tatuagens. Eu fiz o reconhecimento porque no braço dele tem o nome da mãe dele. Através do braço que eu reconheci que era ele", informou um rapaz, que não quis se identificar.
A versão dos familiares e moradores da região contraria a dada pelos investigadores da Polícia Civil. Os peritos afirmam que, a princípio, não há nenhuma indicação que confirme essa versão narrada por populares. Segundo eles, os ferimentos que geraram tal suspeita nos moradores foram provocados pela saída de tiros de fuzil calibre 7.62. O calibre do armamento é o mesmo usado pelos PMs do Bope.
A Defensoria Pública pediu que o Ministério Publico tome providências para "interromper as violações". Nesta segunda-feira, o órgão foi até o local com outras instituições de direitos humanos para conversar com moradores e coletar informações sobre a ação. 
Confira abaixo a lista das vítimas:
- Jhonatan klando Pacheco Sodré, 28 anos, tem passagem, evadido do sistema prisional do Pará
- Elio da Silva Araujo, 53 anos, tem passagem
- David Wilson de Oliveira Antunes, 23 anos, não tem passagem
- Kauã Brener Gonçalves Miranda, 17 anos, não tem passagem
- Rafael Menezes Alves, tem passagem, 28 anos, tem passagem
- Carlos Eduardo Curado de Almeida, 21 anos, tem passagem
- Ítalo George Barbosa Gouveia Rossi, o Sombra, 33 anos, 7 passagens