'Precisa haver igualdade'

Aos 20 anos, MC Bruna Alves vem se destacando no funk. Moradora da comunidade do Campo Novo, em São Gonçalo, ela recebe o carinho dos amigos de lá e muito incentivo. "Sou nascida e criada aqui. Tenho orgulho de minhas raízes. Graças a Deus, as portas começam a se abrir! Sou parada várias vezes aqui onde moro, por conta do meu trabalho, e me sinto muito bem por ver o carinho que o pessoal da minha comunidade tem por mim", comenta. 

Ritmo presente na favela, o se tornou uma paixão da jovem meio 'sem querer'. "Foi algo que veio do nada. Comecei no rap, aqui pelas ruas da comunidade mesmo. Logo depois, conheci umas pessoas no funk, que me abriram as portas e me chamaram para começar a cantar no ritmo. Confesso: me apaixonei. Nunca me apresentei na minha comunidade! Não temos muitos eventos por aqui, infelizmente", destaca Bruna, que acredita que o funk precisa ser mais valorizado e menos criminalizado. "O funk é muito presente dentro das comunidades e tem, muitas vezes, a função de expor o que acontece aqui dentro. E não tem apoio de ninguém. O funk salva pessoas do mundo do crime e gera emprego, sim!". 

A MC ainda critica a visão pessimista que muitos têm da favela e lamenta as vidas perdidas durante operações policiais. "As comunidades parecem que são feitas de bandidos e com poucos moradores. Na verdade, não é! Aqui, como em todas as comunidades, existem pessoas do bem. É fácil entrar na comunidade, já atirando causando mortes. Quando acontece isso, a comunidade toda chora porque sempre sabemos que a qualquer momento pode ser um de nós. A comunidade não pode e não tem que ser vista somente pelo tráfico. Quantas ONGs tem dentro das comunidades, fazendo o que o Estado deveria fazer e não faz? Aqui, temos muitos talentos. E muitos, assim como eu, estão todos aqui dentro, aguardando as oportunidades."

Para a MC Bruna Alves, a educação é o caminho para um futuro melhor mas comunidades. "Educação ainda é a base para tudo na vida. O estudo abre portas, esclarece para a vida. Tem muita gente que não tem saneamento básico. Essa falta gera doença, perda e gastos com remédios. Vidas que se vão por causa dessas doenças. Precisa haver igualdade para todos, temos que ter as mesmas oportunidades, se não for pela rede privada, que seja pela pública. Espero do governo, respeito e que todos nós, moradores de comunidades, sejamos enxergados. Somos gente! Aqui, ou em qualquer comunidade, existem milhares de profissionais que aguardam oportunidades na vida", afirma.