A FAVELA VENCEU

Écom alegria e muita disposição que Jacqueline Nazário, mais conhecida como a Gaúcha do Sacolé, desce todos os dias o Morro do Vidigal, na Zona Sul, para refrescar a galera que passeia na Lagoa Rodrigo de Freitas. Equipada com uma food bike cheia de estilo, ela largou o escritório de contabilidade que trabalhava em Porto Alegre (RS), para vender sacolés e açaí nas ruas do Rio. Hoje, seu único ganha pão.

"Trabalho na Lagoa há 3 anos e meio. Saí com a cara e com a coragem, porque as pessoas não me conheciam, eu era de outro estado. Não queria mais trabalhar como contadora, fiz isso por 25 anos. Queria uma vida nova e, como o Rio é um lugar quente, pensei no sacolé. Desde de o primeiro dia vi que iria dar certo. É tudo feito com amor e dedicação", conta ela.

Trabalhar na rua não é tarefa fácil. Tem dias que Jacqueline confessa estar exausta, mas nunca deixa o sorriso em seu rosto se apagar. "A alegria pra mim é o principal do meu trabalho. Tento me reinventar e fazer sabores de sacolé que as pessoas nunca comeram antes. Tem dias que é bem cansativo. Acredito que as pessoas que mais trabalham no Rio são as que trabalham na rua", avalia ela. O estilo despojado da Gaucha, de 48 anos, inclusive, conquista pessoas de todas as idades. "Sou vaidosa, gosto de aparecer bem para meus clientes. As crianças adoram minha roupa. Não é um serviço fácil, mas feito com amor."

A flexibilização do novo normal fez com que Jacqueline passasse por cima do medo do contágio da Covid-19 e voltasse às ruas para trabalhar. "Fiquei parada por meses e, agora, as vendas não estão tão boas", diz ela, que quer expandir seus negócios. "Com a pandemia, comecei a trabalhar na praia do Vidigal. Está sendo uma novidade. Agora, estou com a meta de atingir um novo publico e futuramente abrir uma loja no Vidigal."