A história da formação populacional do Complexo do Maré

Quem passa pela Avenida Brasil e vê o gigantesco Complexo da Maré nem imagina que, há 70 anos, ali foi uma tranquila região de mangue à margem da Baía de Guanabara, ocupada por algumas poucas colônias de pescadores. Antônio Carlos Pinto Vieira, pesquisador e diretor do Museu da Maré, lembra que a primeira grande ocupação populacional foi no Morro do Timbau, por trabalhadores que ajudaram a construir a Avenida Brasil. "O Morro do Timbau é a ocupação uma das mais antigas porque ela surge a partir de pescadores que estão alocados naquela região e depois pessoas que trabalharam na construção da Avenida Brasil. A primeira parte da Avenida Brasil, que vai até a Penha, foi inaugurada em 1946. Então, muitas pessoas que trabalharam nessa obra acabaram ocupando terrenos ali na área do Morro do Timbau", conta Carlinhos, como o pesquisador é conhecido na comunidade. 

"A Maré é uma favela que foi sendo construída ao longo de mais de 60 anos. O que a gente entende hoje como Maré é o resultado de uma série de ocupações, ações do governo, não é uma coisa única. As primeiras notícias de ocupação da região vem desde o século XIX, por grupos de pescadores. A formação da favela como a gente entende hoje vai acontecer no pós-guerra, na década de 1940 a 1950". Hoje, segundo o 'Censo Maré', iniciativa da própria comunidade, o Complexo conta com cerca de 140 mil moradores.