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Enquanto luta por cinturão do UFC, Thiago Marreta transforma vidas em projeto social na Cidade de Deus

Cria da CDD, lutador se inspira na própria história para incentivar e dar esperança à novas gerações da comunidade

Thiago Marreta
Thiago Marreta -

Thiago Marreta é um vencedor dentro e fora dos ringues. Nascido e criado na Cidade de Deus, comunidade da Zona Oeste do Rio, onde mantém suas raízes muito bem estruturadas, o lutador crê no poder do esporte para transformação social. É que as batalhas do campeão começaram bem antes de sua subida ao octógono do UFC. De família humilde, Marreta se esquivou das armadilhas do crime, nocauteou as dificuldades e, hoje, orgulha-se em ser referência de luta e perseverança.

"Oportunidade de fazer coisa ruim aparece para todo mundo. É importante ter uma boa criação e meus pais foram tudo pra mim. Me fizeram ser o homem que sou. A gente sabe que nas favelas tem uma parte, a ruim: tráfico, crime. Mas tive uma boa educação e o apoio para o esporte e para a carreira militar (por sete anos na Brigada de Paraquedistas). Meus pais sempre foram uma inspiração. Me mantiveram nos trilhos", conta o atleta, de 36 anos.

Se, no passado, Marreta deu os primeiros passos no esporte por meio de ações comunitárias, agora é ele quem ajuda. Observando sua trajetória, o peso meio-pesado decidiu fazer sua parte para transformar a realidade das novas gerações da CDD, com um projeto para crianças e adolescentes: uma academia gratuita que oferece aulas de judô, jiu-jitsu, muay thai e boxe.

"Comecei em projetos sociais, então, sempre tive isso na minha cabeça: retribuir aquilo o que fizeram por mim. É um trabalho que sai do meu bolso e com a colaboração de amigos. Não tem incentivo de governo, nada", diz o lutador, orgulhoso pelos frutos do trabalho. "Fico feliz de estar fazendo um pouco para essa galerinha se manter com a cabeça boa e a creditar que dá pra vencer na vida fazendo as coisas certas, no caminho do bem. Acredito muito que o esporte, junto com a educação, transforma vidas", diz.

E esse ímpeto, de estender a mão, segundo Thiago, vem do espírito de coletividade das comunidades. Valores que ele nunca deixou para trás. "A favela carece da ajuda do poder público, por isso a gente vai se ajudando. A pessoa que tem um pouco mais, ajuda a outra que tem menos. Não dá pra ficar esperando vir de fora, porque não vem. Queria que essa realidade mudasse, que o governo desse a estrutura básica de vida a nossa gente."

 

Combate contra o inimigo invisível

A pandemia do coronavírus adiou os planos de Thiago Marreta. É que o atleta teve a luta contra Glover Teixeira adiada por duas vezes, após os dois contraírem a doença. O combate do UFC foi remarcado para o dia 7 de novembro. "Vai acontecer no momento certo, para acabar com toda a ansiedade dessa volta em busca do cinturão", diz confiante.

Treinando nos EUA, o campeão se sensibiliza com o impacto do vírus na CDD. "É um momento complicado, tem gente que não pode ficar em casa, que precisa trabalhar. Muita gente autônoma. Eu não tenho condição de fazer muito, mas prefiro fazer um pouco do que não fazer nada. Se cada um fizer algo, a gente consegue chegar longe."

Thiago Marreta Divulgação
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