Mais Lidas

'Todo mundo vai ter orgulho de dizer que é favelado'

Consciente de sua luta, o fenômeno do rap, BIN, ganhou as paradas com álbum de estreia

BIN
BIN -

BIN é um fenômeno do rap. Com 22 anos de idade e ideias claras sobre a desigualdade que existe entre o morro e o asfalto, o rapaz venceu as barreiras do preconceito e hoje é apontado como uma das maiores apostas da nova geração. Bastou o álbum Pra Todas as Mulheres que Já Rimei chegar para o jovem, morador do Complexo do Roseiral, em Belford Roxo, ganhar notoriedade de quem entende do assunto. Queridinho de Marília Mendonça, o rapper ainda gravou com Anitta e Papatinho o hit Tá Com o Papato, e figura no Top 200 do Spotify Brasil. Tá bom ou quer mais? 

"Acho isso incrível e bem gratificante, mas sempre soube que seria possível. O que mais me deixa feliz é poder mostrar pra molecada da minha área que eles também conseguem. O talento e a dedicação superam qualquer barreira", diz o artista, feliz da vida com os frutos que vem colhendo.

Em seu primeiro álbum visual, lançado há cerca de um mês, nove faixas passeiam pelo universo romântico e sensual, com melodias pop e boas pitadas de trap. Letras escritas pelo jovem, que também é compositor. "As músicas não são todas autobiográficas, muitas histórias ali vem do universo em que vive o 'BIN'. Eu sou uma pessoa que só acredita nas coisas depois de ver elas acontecendo. Sabia da qualidade do disco, mas só fui acreditar quando vi pronto."

Cria de Belford Roxo, BIN conhece de perto a realidade do povo de comunidade, que, segundo ele, precisa provar o dobro de seu valor para ser reconhecido. "Aqui a gente sofre muito preconceito e descaso, tanto do poder público, que trabalha para o nosso bem estar, quanto das pessoas, que nos olham de fora. É tudo mais complicado, mas aprendi a ser guerreiro e criar minhas oportunidades, porque aqui nada cai do céu", destaca ele.

Consciente de que a favela continua excluída do amparo político e negligenciada pela sociedade, o rapper critica a glamourização das comunidades. "Favela não é vitrine nem peça de roupa (para estar na moda). Um monte de playboy sobe o morro para comprar sua 'alegria' e vai pra pista se dizer da favela. Essa classe não gosta nem idolatra o favelado, o favelado ainda é visto com um olhar de preconceito pela sociedade", afirma BIN, esperançoso por dias melhores. "Esse movimento já está sendo feito. Exaltamos isso hoje e, com o tempo, todo mundo que mora na favela vai ter orgulho de bater no peito e dizer que é favelado."

'A comunidade não pode parar'

O título de "fenômeno do rap" deixa BIN orgulhoso. Afinal, não foi fácil alcançar notoriedade no mundo da música. "Vou trabalhar bastante para não decepcionar", diz ele, que durante o período de isolamento social, devido à pandemia do coronavírus, enfrentou quadros de depressão, já superados. Momento difícil para muita gente, em especial, pras favelas. "A comunidade não parou, não pode parar. Quando você só depende de si para sobreviver, tem que se arriscar. Nossas vidas são riscos diários, da violência ao abandono. Não foi diferente nesse momento."

BIN Divulgação
BIN Divulgação
BIN Divulgação
BIN Divulgação
BIN Divulgação

Comentários