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Moradora do Alemão transforma dor de dois cânceres em solidariedade

Técnica em contabilidade Jaqueline Chaves já ajudou mais de 250 mulheres com a mesma doença após fundar projeto social

Projeto existe desde 2018
Projeto existe desde 2018 -
Quando recebeu o diagnóstico de um câncer de mama, em março de 2016, a técnica em contabilidade Jaqueline Chaves, de 40 anos, não podia imaginar que dois anos depois iria ter um novo capítulo com a doença. Em 2018, a moradora de Nova Brasília, no Complexo do Alemão, teve um novo diagnóstico de tumor, dessa vez no útero.
Foi o suficiente para Jaqueline conseguir tirar forças para pôr em prática um antigo sonho de ter um projeto social. Mesmo diante da dor do tratamento da doença bastante agressiva, a moradora do conjunto de favelas da Zona Norte do Rio fundou o grupo Unidas Para Sempre.
"Ainda no primeiro câncer, eu falei com Deus que se eu saísse viva, iria fazer trabalho voluntário. Foi quando surgiu o projeto, que é de ajuda mútua entre mulheres que sofrem com essa doença. Um projeto de amor, já que muitas são abandonadas pela família. Eu mesma vi muitos amigos se afastarem de mim", relembra.

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Jaqueline Chaves fundou o projeto há dois anos Arquivo Pessoal
Projeto existe desde 2018 Arquivo Pessoal
Projeto existe desde 2018 Arquivo Pessoal
Projeto arrecadou cerca de 200 cestas básicas durante a pandemia Arquivo Pessoal
Nos dois anos do Unidas Para Sempre, Jaqueline conseguiu uma extensa rede de apoio. Até o momento, foram mais de 250 mulheres atendidas com ajuda psicológica, nutricionistas, assistentes sociais, serviços médicos variados, como oncologia e odontologia, e até tatuagem e peruca.
"Durante a pandemia, fizemos um mutirão para arrecadar cestas básicas e conseguimos atender 200 famílias. Além de alimentos, demos produtos de higiene e kits para a prevenção da covid, como álcool em gel e máscara", conta.
'O PROJETO É MINHA CURA'
Os cânceres fizeram com que Jaqueline perdesse a mama esquerda, o útero, os ovários e as trompas, impedindo qualquer possibilidade de ela ter filho. Ela ainda se trata dos dois tumores, mas agora tem a ajuda de uma legião de amigas, que ganhou do projeto.
"O projeto é minha cura. Eu vivi a vida inteira para chegar a uma certa idade parar para ter filho. Mas ganhei filhos que não puder ter. O filho é cuidar de uma vida e Deus me deu vários filhos para cuidar", alegra-se.
Atualmente, a rede de apoio do Unidas Para Sempre tem cerca de 20 mil pessoas. Mas os desafios não param. Jaqueline quer expandir o projeto e conseguir o apoio de empresas. Ela cita a dermatologia como uma das principais necessidades do grupo.
"Eu espero ter a ajuda de empresas para poder apoiar mais pessoas, porque existem muitas dificuldades. Tem meninas que não têm remédio, outras que precisam de mais cestas básicas", assinala.

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