Sou a Laura Campos Braz, atriz, educadora social e fundadora do Projeto Cria, que age desde 2018 no complexo de favelas do Caju, na Zona Portuária do Rio. Eu nasci em Bom Jardim, uma cidade pequena do interior, que assim como muitos outros municípios do nosso país, sofre com a falta de acesso a atividades culturais. E devido as circunstâncias, em 2006, com o objetivo de estudar teatro, me mudei para a capital fluminense. Aqui, me profissionalizei como atriz, atuei em diversas peças e conclui o curso de Licenciatura em Teatro.
Nesses 14 anos de estudo e trabalho, sendo 10 deles dentro de ONGs e escolas públicas nas periferias, tive a oportunidade de observar de perto a rotina das unidades educacionais e o abismo social que existe nas favelas, o que me fez perceber a importância de um trabalho cultural voltado para a educação.
As escolas, que eram para ser um espaço privilegiado na educação formal, é vista com desinteresse por partes dos alunos, o que não possibilita ao jovem desenvolver as referências que lhe conferem a construção da própria identidade. Com isso, a fomentação cultural se torna um meio para realizar tal tarefa e atuar junto ao processo educacional.
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Foi com esse olhar, que em 2018, iniciei as atividades do Projeto Cria, no Caju. Mas a situação era muito mais grave, pois além de não possuir nenhum equipamento de cultura, a região tem um dos piores IDHs da cidade e um dos maiores índices de evasão escolar do estado, com indicativos educacionais baixíssimos.
Pensando nisso, decidi aplicar um formato de aula que pudesse integrar o ensino do teatro com conteúdo do ensino tradicional. Esse trabalho deu certo! Montamos o espetáculo de teatro chamado "Cortejo Favela", que foi apresentado pelas ruas do Caju, e tivemos uma melhora significativa nas notas dos alunos na escola.
Sabemos que esse é só o início de um trabalho longo que temos pela frente. O desafio da formação educacional e a democratização do acesso à cultura dentro da comunidade do Caju são duas das metas principais do Projeto Cria. E para alcançá-la, nós desenvolvemos uma nova ferramenta de aprendizagem, o Método Cria, que une o teatro com elementos inspirados na pedagogia Waldorf.
A arte é um instrumento essencial para a educação e através dela podemos desenvolver conhecimento, ajudar os alunos a terem clareza de raciocínio, equilíbrio emocional e iniciativa de ação. Pontos importantes para gerar impacto direto na margem de escolhas de crianças e adolescentes que vivem em vulnerabilidade social, possibilitando uma mudança significativa em seu território.
E para democratizar a arte na favela do Caju, precisamos ocupar as ruas e praças com apresentações artísticas, para impactar um número muito grande de pessoas que não têm a oportunidade de consumir cultura, além de criar um novo olhar sobre esse território, que tem um histórico de violência e risco, trazendo visibilidade para que as pessoas possam incluir o Caju na sua rota cultural.
Eu tenho um carinho muito grande pelo Caju. Estamos localizados em um dos bairros mais antigos da cidade, com um lugar privilegiado na nossa história. O que conhecemos como um complexo de favelas, já foi considerado um balneário real. E hoje, mesmo sendo tão economicamente ativo, devido ao Porto do Rio, é um lugar completamente desassistido e vulnerável.
Não podemos nos conformar com essa realidade. Estamos na Zona Portuária do Rio de Janeiro, uma região cheia de possibilidades, com crianças e jovens com muito potencial, que precisa ser desenvolvido para acabar com esse ciclo vicioso e colocar o Caju novamente no mapa.
* O texto é de responsabilidade do autor
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