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'Sou prova viva de que a arte salva'

Fenômeno do rap, Orochi cobra mais investimento em cultura e educação nas comunidades

Orochi
Orochi -

A missão de Orochi é levar a cultura das ruas a lugares que, até então, torciam o nariz para o rap nacional. E tudo indica que vem fazendo isso com maestria, já que os números não nos deixam mentir. Aos 21 anos, ele é seguido por 3,8 milhões de pessoas no Instagram e acumula meio bilhão de views no YouTube. Um verdadeiro fenômeno. Nada mal para o menino nascido e criado entre as comunidades Rio do Ouro e Coruja, em São Gonçalo, onde descobriu seu talento nas rimas. 

"É muita responsa ter 21 anos e falar com milhões de pessoas. A minha história na música está registrada no YouTube. Então, as pessoas sabem que tudo o que eu faço é verdadeiro, tudo é fruto de muito esforço e trabalho", diz Orochi, que acaba de lançar o disco Celebridade. "Fico amarradão com o sucesso que o meu álbum está fazendo, mas tenho pé no chão. Sigo focado para crescer cada vez mais e fortalecer a cena do rap no Brasil", destaca.

Com pais separados, Orochi viveu a realidade de duas comunidades. Mas foi aos 14 anos que ele ganhou destaque em circuitos do rap, até ser descoberto na Batalha do Tanque, na Zona Oeste. "Todos esses lugares me formaram, me mostraram a realidade, que me dá inspiração na hora de compor", conta.

Toda essa vivência se reflete, hoje, no trabalho do artista. "O rapper tem que ficar de olho em tudo: na polícia, na bala perdida, nos bailes, nos jornais... Tudo vira rima pra gente. E eu só tenho que agradecer por ter vindo de uma família boa e que me fez dar valor a esses detalhes da vida."

Prova disso é que a música Nova Colônia, onde o rapper faz duras críticas à forma como o governo e a sociedade lidam com a cultura nas favelas. "Precisamos ter mais representantes iguais a gente na política. Quem não tem a nossa origem nunca vai entender o que a gente passa. Nunca vai investir em educação e cultura como a gente precisa e merece. Eu sou a prova viva de que a arte salva. Político que nunca pisou na favela sempre vai criminalizar o que a gente faz", ressalta.

'Trabalho sério'

A tatuagem que Orochi carrega na sua cabeça chama atenção. O escrito "mainstreet" fala muito sobre o seu trabalho, que é fazer da rua uma verdadeira tendência. "Eu fui cedo. Aos 14 anos, estava participando das batalhas de rap. Aprendi a ser sagaz, a pensar rápido, a amadurecer já tão novo. Quando a gente faz sucesso, a gente só quer fortalecer a cena e trazer o nosso grupo junto", diz.

E não foi só nas ruas onde o artista precisou aprender a lidar com a realidade da vida. Afinal, ele já havia tomado consciência desde cedo das dificuldades da vida, como a maioria do povo das periferias. E ele ressalta seu maior obstáculo. "A criminalização, sem dúvida. As pessoas comuns têm preconceito com a música que a gente faz e o governo acha que a nossa cultura é crime. Eu percebi que superei essas barreiras com o sucesso da música Balão. Foi a minha resposta contra tudo isso e o público sacou a minha mensagem", afirma. 

O rapper comemora a ascensão do rap no país. "Estão encarando os rappers como artistas. Fazemos um trabalho sério. É o nosso ganha-pão."

Orochi Pedro Darua / Divulgação
Orochi Pedro Darua / Divulgação
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Orochi Pedro Darua / Divulgação
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