Me chamo Paulo Roberto Alexandre, tenho 30 anos, e sou nascido e criado na favela da Rocinha, na localidade conhecida como Rua 4. Desde os meus 14 anos, faço ações para as pessoas mais carentes da comunidade. Comecei doando comida nas ruas com minha mãe e meu pai (Dona Rosângela Maria e Sr. Alexandre lota).
Ali vi que era minha missão destinada por Deus. Minha avó sempre falava que eu nasci para ajudar ao próximo sem olhar a quem.
Na Páscoa, eu arrecadava caixas de bombons com amigos e empresários da comunidade. No Natal e no Dia das Crianças, eu levava aonde ninguém ia, nos lugares mais carentes, entre becos e vielas.
Em 2013, comecei a trabalhar no Centro Municipal de Cidadania Rinaldo de Lamare, que fica em frente à Rocinha, como ajudante na manutenção. Hoje, sou pintor.
Lá, eu conheci algumas crianças com deficiências. Fui vendo que não só na escola, mas na própria comunidade eram pessoas invisíveis.
Na sala de recursos do centro, conheci um anjo chamado Cristina, que é uma professora de inclusão social. Fiquei curioso, ia todos os dias à sala dela saber mais e fui vendo que na própria escola tinha o preconceito. Observando a garra dela e o amor por essas crianças, resolvi montar o "Gestos de Amor" e fui com tudo junto dela e dos amigos em prol dessas crianças com deficiências.
Fui ao governo do estado pedir para que elas pudessem usar o complexo esportivo que fica também em frente à Rocinha. Hoje, as crianças têm acesso à piscina e outras atividades dentro dele.
Foi muito bom ver os sorrisos não só das crianças, mas dos pais também. Muitos pais de cadeirantes, por exemplo, disseram que nunca imaginavam seus filhos dentro de uma piscina.
Hoje, o meu segundo sonho é montar o primeiro parque adaptado dentro da comunidade, onde essas crianças totalmente esquecidas da sociedade possam ter o mesmo direto de brincar como qualquer criança.
Atualmente, o Gestos de Amor ajuda 120 crianças com doações de fraldas, leite em pó, cestas básicas, dentre outras coisas. Se Deus quiser, vamos conseguir montar esse parque adaptado e quem sabe uma sede onde essas crianças possam ter também psicólogos e fisioterapeutas.
* O texto é de responsabilidade do autor