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Professora cria projeto que leva cultura aos moradores da CDD

Colunista convidada da semana, Samantha Messiades detalha as ações feitas pelo Ligação Cultural

Samantha Messiades é professora e produtora cultural
Samantha Messiades é professora e produtora cultural -
Me chamo Samantha Messiades, sou mulher, mãe, universitária, professora e produtora cultural. Nascida e criada na Cidade de Deus, sempre fui uma sonhadora em busca de crescimento. Nunca fui de me contentar com o raso, sou intensa e muito curiosa. Sempre procuro aprender algo novo e buscar novas oportunidades.
Ensino isso aos meus filhos e incentivo a todos que me rodeiam a procurar melhorar sempre. Com este pensamento de mudança para o desenvolvimento dos meus filhos, procurei oportunidades nas quais eles tivessem a experiência de conhecer novas vivências. Busquei, então, formas de conseguir agregar a eles um pouco mais de cultura, arte e conhecimento.

A partir desse desejo, busquei acesso a grupos que forneciam entradas gratuitas a eventos culturais, os quais eu nunca teria grana para frequentar. Começamos a assistir peças teatrais e vi o quanto isso estimulava o senso crítico deles. Então, tive a ideia de começar a levar os amiguinhos e filhos dos meus vizinhos para terem a mesma oportunidade.
O Ligação Cultural leva cultura aos moradores da favela e aos seus familiares - Ligação Cultural / Divulgação


A cada saída, surgiam mais crianças querendo participar dos eventos e fui ficando conhecida por conta destas ações. A movimentação feita por mim cresceu, sendo fundado o Ligação Cultural, projeto sociocultural na Cidade de Deus que possibilita às crianças e suas respectivas famílias terem acesso à cultura de modo geral gratuitamente. O projeto tem uma sala e suas atividade são única e exclusivamente feitas com doações de parceiros, contribuições mensais de alguns doadores, venda de ecocopos personalizados e vaquinhas online.
Hoje, somos um grupo com mais de 180 crianças cadastradas com seus familiares. Cada vez mais buscamos maneiras de valorizar a infância e suas fases. No ano passado, conseguimos montar um espaço infantil todo feito de doações por pessoas que acompanham nosso trabalho. Lá, temos uma sala com TV, DVDs, fantasias, livros, brinquedos e materiais pedagógicos, chamada de Brinquedoteca Ligação Cultural.
Ela funciona todos os sábados, oferecendo atividades lúdicas, como contação de histórias, brincadeiras, desenhos, pinturas e cine pipoca para as crianças da comunidade. É lindo ver o quanto é essencial para eles ter um momento inocente e livre sem o peso das nossas marcas diárias. Por conta da pandemia, não podemos sair em grupo para atividades externas. Por isso, temos realizado ações somente no nosso espaço físico com número reduzido de crianças por fim de semana.
O Ligação Cultural leva cultura aos moradores da favela e aos seus familiares - Ligação Cultural / Divulgação


Ver nossa trajetória nos últimos três anos é muito gratificante. Reconhecer as dificuldades que temos, como pegar ônibus públicos cheios de crianças, entrando por trás por não ter grana para pagar um transporte particular, e fornecer a eles, muitas vezes, suas primeiras experiências com a cultura, mexe muito com nosso sonho de formar indivíduos críticos pensantes. Desenvolver neles a vontade de crescimento e conquista além do que nos é oferecido é muito valioso.
Realizamos mais de 100 integrações culturais com mais de 5 mil ingressos fornecidos. Este número é expressivo demais. Mostra a necessidade de termos mais acesso ao que deveria ser de direito a todos. Presenciar quatro gerações da mesma família ir pela primeira vez a um circo juntos nos mostra o quanto ainda devemos lutar pela equidade social para que os direitos sejam exercidos igualmente a todos.
* O texto é de responsabilidade do autor.
Samantha Messiades é professora e produtora cultural Ligação Cultural / Divulgação
O Ligação Cultural leva cultura aos moradores da favela e aos seus familiares Ligação Cultural / Divulgação
O Ligação Cultural leva cultura aos moradores da favela e aos seus familiares Ligação Cultural / Divulgação
Professora viu na vontade dos filhos a necessidade para toda uma comunidade Ligação Cultural / Divulgação

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