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Cria do São João, MC Rebecca fala de sua trajetória: 'Me fez ser quem sou hoje'

Voz potente contra o racismo e pela liberdade feminina, MC Rebecca fala da importância das suas raízes e do poder da representatividade

MC Rebecca
MC Rebecca -

MC Rebecca deu uma coça no preconceito ao trazer para sua arte um grito de liberdade à sexualidade feminina e a representatividade da mulher preta. Com 1,5 milhão de ouvintes mensais no Spotify e seguida por 3,7 milhões de pessoas no Instagram, a cantora encontrou no funk proibidão seu lugar de fala. Nada mal para uma jovem cria do Morro São João, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio, que virou referência para meninas de dentro e fora das periferia.

"Morro São João remete a boas lembranças, um orgulho em pertencer, pois me fez ser quem sou hoje. Me traz lindas recordações familiares, que envolvem minha mãe, minha tia e meu avô, as referências do samba e a solidariedade entre os moradores", lembra Rebecca, reconhecendo o lado complicado de crescer na localidade. "Uma das preocupações era bala perdida e isso, infelizmente, ainda é uma realidade."

Apesar de não morar mais na comunidade, a cantora sentiu na pele os desafios de crescer por lá e destaca o que falta para o povo ter orgulho de andar na favela onde nasceu. "As comunidades precisam estar cada vez mais no centro do debate, com acesso mínimo à segurança, estrutura, educação e saneamento básico. É preciso mais oportunidades e menos desigualdade, preconceito e sofrimento", ressalta.

Quebrando as barreiras do preconceito, foi com suor e dedicação que o sucesso bateu à sua porta. Aos 22 anos, ela mantém uma carreira estável, mas teve que superar obstáculos. Mãe solo de Morena Alves, de 3 anos, Rebecca tem uma história que se assemelha à de outras garotas. "Tive que cumprir os dois papéis e não foi fácil. Tive a Morena aos 19 anos e ela me deu muita força para seguir em frente. Tenho orgulho de poder proporcionar a ela o que não tive na minha infância", afirma. 

Dona de uma voz potente contra o preconceito, o palco virou seu palanque de inspiração. "O poder da representatividade é tão importante e se faz necessário em todos os âmbitos, para mostrar identificação, força, o quanto podemos seguir em frente e buscar nossos sonhos", diz. E assim o fez.

Apesar das adversidades de 2020, como a pandemia da Covid-19, a artista viu sua carreira ganhar ainda mais visibilidade, desde o lançamento de Combatchy, no fim de 2019, em parceria com Anitta. "Foi um ano difícil e desafiador, mas, ao mesmo tempo, de grandes ensinamentos. Sou muito agradecida por ter passado com saúde. E que 2021 seja melhor, com a chegada da vacina e mais esperança para todos nós." 

 

'Quero levar o funk adiante'

l O último lançamento de Rebecca foi o single Hitzão da Porra. Com um clipe supercolorido, a música é aposta de hit do verão. "Traz esse clima alto-astral, é uma mistura de funk e pagodão baiano. Se entrar para os hits do verão, ficarei ainda mais feliz", comemora ela, cheia de planos para 2021. "Este ano continuará sendo desafiador, a pandemia não acabou. Mas quero conquistar mais meu espaço e levar o funk adiante", afirma.

A união com mulheres pretas é a meta de Rebecca. A colaboração com Elza Soares em A Coisa Tá Preta foi a realização de um sonho. "Pude realizar colaborações tão importantes com Karol Conka e com a diva Elza. É de extrema importância resgatar nossa ancestralidade para mostrar a beleza de nossa história, que sempre foi mostrada mediante dor e sofrimento", diz.

MC Rebecca Divulgação
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MC Rebecca Cai Ramalho / Divulgação
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