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Com 50 anos de Avenida, Neguinho da Beija-Flor fala da falta dos desfiles em 2021: 'O Carnaval é minha história'

Intérprete se derrete pelo samba e promove live show com outros intérpretes, hoje, às 18h

Neguinho da Beija-Flor
Neguinho da Beija-Flor -
Olha o Neguinho da Beija-Flor aí, gente! Não existe a possibilidade de falar sobre o Carnaval carioca sem citar um dos maiores puxadores e intérpretes da Marquês de Sapucaí - e assim vice e versa. Aos 71 anos, com 50 deles dedicados à folia, está será a primeira vez que Luiz Antônio Feliciano Marcondes, o Neguinho da Beija-Flor, não vai colocar seu bloco na rua. Com os desfiles cancelados, devido a pandemia do novo coronavírus, o cantor relata como será um dos carnavais mais atípicos de toda a sua trajetória. 
"Muito triste, isso nunca aconteceu, são 50 anos de carnaval, 46 de Beija Flor. Me pegou de surpresa, mas, ao mesmo tempo, concordando que não tenha aconteça devida a pandemia. Eu nunca imaginei passar um momento como este, o Carnaval é minha historia, é minha vida, é o que eu vivo. Nesses quatro dias vamos disfarçar o luto", declara ele, que, como todo bamba do samba, não vai deixar a data passar despercebida. 
É que hoje, a partir das 18h, Neguinho da Beija-Flor se junta a outros intérpretes do Grupo Especial para uma live show pra lá de animada no canal Carnavalesco no YouTube. "Vamos fazer a transmissão para não deixar passar em branco, vai ser uma grande festa". A folia terá Milton Cunha no comando do espetáculo realizado pela Casa Interativa Produções, Do Porto e conta com o apoio da Riotur e da Prefeitura do Rio. Além disso, os dez sambas finalistas para o Carnaval de 2021, serão lançados hoje pelo cantor. 
A paixão pelo samba é o que move Neguinho da Beija-Flor. Cria de Nova América, em Nova Iguaçu, o ícone do Carnaval teve um infância pobre na localidade, e viu na arte sua grande chance de mudar de vida. "Eu fui ter luz elétrica com 20 anos, passei por muitas dificuldades, mas o samba meu deu tudo. Me proporcionou estar no mundo inteiro", declara o artista, que aos 10 anos, ganhou seu primeiro concurso ao interpretar um clássico de Jamelão. Seu prêmio? Uma lata de  goiabada.  
Dos perrengues da infância, Neguinho se tornou a voz de uma geração do Carnaval, ganhando novos rumos ao vencer seu primeiro enrodo com a Beija-Flor, em 1976. "Nem pensar, nunca pensei chegar onde estou. Era uma realidade muito distante do que eu vivia. Eu servi a aeronáutica, porque tinha o sonho de voar de avião. Fiquei quatro anos lá e não consegui voar. A primeira vez foi graças a esse título com a Beija Flor", lembra o carioca, que a partir daí só foi alcançando voos cada vez maiores, seja na vida ou na arte. E isso inclui os planos do sambista para a possibilidade da realização dos Desfiles em 2022. "Vai ser o Carnaval da explosão. Do mata a saudade", vislumbra.

'O samba é cultura'

A arte foi o bote salva-vidas de Neguinho. Além da brilhante história no Carnaval, o samba deu ao intérprete a possibilidade de sonhar. "O samba é cultura, quem se envolve com o samba não tem tempo para se envolver com o que não deve. Ocupa o tempo nos ensaios, tem que estudar. Te dá perspectivas", destaca ele, que faz um paralelo, em forma de alerta, entre as diferenças das comunidades da sua infância e as de hoje em dia. "Na minha época, tinha mais respeito pelo morador. Hoje, não se respeita ninguém. Mata-se com muita facilidade. Uma morte era um absurdo. Hoje, banalizou", diz o cantor, apostando nas transformações positivas. "Evoluiu na possibilidade de estudo e com os serviços prestados pelas ações sociais. Antes, isso tudo era inviabilizado."

Neguinho da Beija-Flor Divulgação
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