MH - Alô Comunidade

Meus avós paternos, missionária Zezé e pastor Valdir, e maternos, Durval e Maria, criaram meus pais no Morro do Sapo, uma das favelas do bairro Centenário. Após a chegada da UPP, começou a ser chamada de Complexo da Mangueirinha. Mas 'complexo' mesmo é entender o motivo do poder público ser tão ausente na região. Como um dos poucos aparelhos do estado que funciona por lá, a escola foi o lugar onde comecei a construir os meus laços com o território.

No Colégio Estadual Irineu Marinho, participei do grêmio estudantil e do movimento de ocupação das escolas de 2016 que trouxeram muitas conquistas importantes, como reformas e eleição para diretor (a). Após o fim do ensino médio, percebi que poucos amigos entraram na universidade. Esta é só uma das inúmeras demandas atendidas por ações locais que partem da associação de moradores e de outras iniciativas.

O Movimenta Caxias, do qual faço parte, é outro importante mobilizador da região que trabalhou nas lutas para cobrar o fechamento de buracos pelas ruas e o retorno da linha de ônibus 22. Por conta da violência, a Mangueirinha é marcada pela denúncia de caminhadas pela paz puxadas pelas igrejas evangélicas e católicas. Falando em fé, outra ação importante é o PAZcoa na Baixada, que distribui chocolates para as crianças. Apesar do fechamento de fábricas, como a da União, novas formas de produção de renda surgiram na região, como a cooperativa de carros GAC Transporte.

A situação não está fácil com a pandemia, mas o Movimenta Caxias tem distribuído alimentos. O Centenário resiste e produz sua própria tecnologia!

Por Wesley Teixeira, integrante do PerifaConnection, da Coalizão Negra por Direitos e da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito

Centenário: 'Foi nessa favela gigante que eu me criei'

Complexo’ mesmo é entender o motivo do poder público ser tão ausente na região

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