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Reforçando raízes nas comunidades

Ariene, do Das Pretas Ateliê, estimula a autoestima fazendo arte nos cabelos

Ariene, do Das Pretas Ateliê
Ariene, do Das Pretas Ateliê -

Para quem não me conhece, sou Ariene Vitalino da Silva, de 28 anos, e atuo como administradora do projeto Das Pretas Ateliê. Nasci em Duque de Caxias, município da Baixada Fluminense, e residi durante toda infância e adolescência em Imbariê, um dos bairros periféricos da cidade.

Sou filha de Marli Jane, mulher preta e pobre. Em meio a tantas lutas e esforço para obter o sustento de nossa família, minha mãe encontrou nas tranças uma possibilidade de cuidar dos nossos cabelos e conseguir nosso sustento.

Por muitos anos, no fundo do quintal de casa, servíamos de cobaias para os diferentes penteados com as tranças que minha mãe realizava, num ritual de lavar a cabeça, pegar um pente largo, sentar entre as pernas da minha mãe e entre um puxão e outro, o resultado do penteado.

E foi nesse movimento que, aos poucos, nascia nosso ateliê, ainda com poucos recursos, no quintal da minha avó, onde, antes, era uma barraca de doce. Com o passar do tempo, o espaço foi crescendo e crescendo com uma demanda de serviços que, inclusive, não dava conta de atender somente lá em Imbariê.

Atualmente o Das Pretas Ateliê se divide em atendimento em sua origem, Imbariê, em Duque de Caxias, e também em Bonsucesso, no Rio. Um espaço familiar que continua com o objetivo de elevar a autoestima da mulher preta através das tranças e de penteados afro. Dizem que quem sai aos seus não degenera. E na nossa família essa máxima tem sido levada à risca. Toda uma geração dedicada à arte de fazer tranças.

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