Mais Lidas

Até quando vamos contar nossos mortos?

Estado insiste na política do enfrentamento sem inteligência

Duas histórias interrompidas: a de Kathlen (24) e a de seu filho que ainda estava no ventre
Duas histórias interrompidas: a de Kathlen (24) e a de seu filho que ainda estava no ventre -
Duas histórias interrompidas: a de Kathlen (24) e a de seu filho que ainda estava no ventre. Mais uma vez noticiamos que uma família negra chora na cidade do Rio de Janeiro. Mais uma vez em uma ação atabalhoada do Estado que insiste na política do enfrentamento sem inteligência. Em 2013, o Complexo do Lins, local onde Kathlen e seu filho foram mortos, recebeu UPPs com a desculpa de que as políticas públicas precisavam de aparato policial para existirem. Uma grande mentira, pois, até o momento, as unidades não trouxeram benefício à comunidade. Pelo contrário, só levaram morte e esculacho.
A tristeza é o único sentimento possível ao vermos que os governos não querem promover a cidadania das favelas e teimam em agir dessa forma. Além de Kathlen, nos últimos anos o Complexo do Lins foi o local onde Francisco (57), Rebeca (19) , José Luiz (27) e Vanessa (11) foram mortos. Estas são apenas algumas das muitas vítimas da região. Em todas as notas, a polícia tinha o mesmo discurso de que revidaram somente depois de serem atacados. Fica parecendo que a assessoria de comunicação da polícia já tem um texto pronto, que dependendo do caso muda somente a localidade, para justificar as mortes nas favelas.
Até quando vamos contar nossos mortos? Até quando vamos chorar a perda de familiares e amigos? Infelizmente, não consigo ver luz no fim do túnel que seja diferente da reforma do aparato policial e a promoção da cidadania nas favelas. Há uma necessidade urgente de colocar em curso um plano a longo prazo de desenvolvimento das favelas do Rio de Janeiro para dar qualidade de vida, oportunidades e dignidade às famílias que ali residem. Chega de mortes! Queremos ser tratados com dignidade e respeito! Vida longa à população favelada!
Por Rafael Sousa, fundador da Voz do Lins

Comentários