A luta das mulheres negras cis e trans marcam a história desse país a ferro e fogo. Foram elas que construíram uma "civilização" negra para quem chegou aqui como escravo. Inventaram uma tradição, um jeito de ser negro, um país e até um mundo. Construíram sentido para a vida, nos empoderaram, nos instrumentalizaram e nos deram o caminho.
Foi assim que Tereza de Benguela fez no século XVIII. Liderança do Quilombo do Quariterê, no atual estado de Mato Grosso, ela fez brotar uma nova vida para negros, indígenas e todes (E como linguagem neutra de gênero no lugar de A ou O, para não definir masculino ou feminino) que buscavam a liberdade.
Como tantas outras, ignorada pela história oficial, sua trajetória e contribuição são recuperadas pelas mulheres negras que a torna símbolo de luta, comemorando sua existência e resistência em 25 de julho de cada ano. Justamente no mesmo dia em que nasce, em 1992, o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha (e diaspóricas), como resultado da organização das mulheres negras destas regiões.
A vida e a dignidade têm sido, inequivocamente, as prioridades da luta das mulheres negras. Somos as mais pobres entre as pobres. Aquelas que alijadas dos direitos reconstroem todo dia a nossa capacidade de luta por um futuro sem racismo, sem sexismo, LGBTQIA fobias e violência.
Tereza de Benguela vive em nós e desfila por aí na luta contra o racismo patriarcal cisheteronormativo, expresso na violência que sofremos. Ela se manifesta nas Beatas, Zicas, Luizas, Beatrizes, Franciscas, Lélias, Marias, Marielles, Malês… prontas para fazer justiça.
Formação da data
O Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha surgiu há 29 anos num encontro de mulheres negras em Santos Domingos, República Dominicana. A partir desse dia, elas se integraram em uma rede com o objetivo de pressionar a ONU a priorizar as demandas e as lutas contra as opressões de raça e de gênero.
No Brasil, em 2014, a primeira mulher a ser presidente do Brasil, Dilma Rousseff, instituiu que nessa mesma data deveria ser celebrado o Dia Nacional de Teresa de Benguela e da Mulher Negra.
28% da população
As mulheres negras representam 28% da população brasileira (IBGE), mas, de acordo com pesquisa da consultoria "Indique Uma Preta" e da empresa "Box1824", menos da metade delas exerce trabalho remunerado. Uma situação que tem se agravado com os impactos que a pandemia da Covid-19 trouxe para grupos minorizados.
Na política, em que a disputa por ações sociais pode interferir na qualidade de vida e bem-estar de quem mais precisa, os desafios se fazem presentes. Em 2018, Marielle Franco, na época a única vereadora negra da cidade do Rio, foi brutalmente assassinada. O crime segue sem respostas. Na primeira eleição municipal desde que tudo aconteceu, foram eleitas só duas mulheres negras: Tainá de Paula (PT) e Thais Ferreira (PSOL).
No que diz respeito à violência de gênero, o "Dossiê Mulher" apontou que, em 2015, a população negra feminina foi a mais atingida. Em 2017, 60% das vítimas fatais desse tipo de crime foram negras. Há muita luta pela frente.
Referências negras
Em meio a esse contexto de tantos desafios, a coluna do PerifaConnection preparou uma edição especial com a história de mulheres negras que deixaram o seu legado de resistência e de conquistas. Na lista que preparamos com muito cuidado, há nomes de figuras históricas, como o da Mãe Beata de Yemanjá, da Rainha Marta dos Quilombos do Iguaçu e de Sabina da Cruz. Dentre as referências contemporâneas estão Ionata Smikadi, Tia Surica da Portela e a autora deste texto, Lúcia Xavier.
Parte deste conteúdo foi pesquisado na Enciclopédia Negra, que será sorteado em nosso Instagram: (@perifaconnection). Ilustrações e mapa: DesignLinhadas. As ilustrações Antonica, Marcelina e Luiza e Rainha Marta do Quilombolas do Iguaçu são baseadas em artes contidas na Enciclopédia Negra. Já Sabina da Cruz é criação livre.
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