Negros e Periféricos na Faculdade

Com o objetivo de ajudar pessoas com dificuldade de acessar o ensino superior, o Pré-Vestibular para Negros e Carentes (PVNC) na Baixada Fluminense tem voltado os esforços à educação popular. Laico, apartidário e sem fins lucrativos, a iniciativa auxilia pessoas negras que estejam em vulnerabilidade econômica a ingressar em instituições de ensino superior.

Mesmo com o público principal sendo jovens e adultos negros de baixa renda, o projeto também atende pessoas de todas as raças e etnias que não têm condições de arcar com os estudos. O projeto tem núcleos ativos em Petrópolis, Xerém, Santa Cruz da Serra, Hydra do Iguaçu, Pastoral da Juventude, Saracuruna, Vila Operária e o Pré-Vestibular Social Cefet, todos em Duque de Caxias.

Em 2020, o PVNC atendeu 60 alunos por turma, mas, neste ano, esta média caiu para apenas 10 vestibulandos. Ariany Câmara, uma das seis coordenadoras do núcleo Santa Cruz da Serra, ressalta que a pandemia foi o fator principal para a redução do número de alunos. "Com a pandemia nossa turma já começou com 20 alunos em março de 2021. Hoje, depois de algumas chamadas da lista de espera, temos 10 alunos inscritos. Eles têm sentido muita dificuldade em se manterem on-line durante as aulas. Assistir depois acaba sendo difícil também, por conta do acesso à internet e as questões pessoais com o trabalho, que acabam interferindo no tempo para estudo".

Uma figura importante para a construção do Pré-Vestibular para Negros e Carentes foi a do Frei Davi. Ele esteve à frente da parceria entre o curso e a Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC), disponibilizando bolsas integrais para os alunos saídos do PVNC. Além de contribuir com a vida dos alunos, a iniciativa participou da construção de leis como a de cotas e a lei de ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos de ensino formais do Brasil.