Júlio Ludemir

Uma vida estável, família estruturada e um sonho: ser jogador de futebol e atuar como goleiro. Filho de pai jornalista e mãe terapeuta, Júlio Ludemir, de 61 anos, contrariava as expectativas da mãe de se dedicar aos estudos. Crescido em Olinda, Pernambuco, o então jovem sofreu um baque ao ver sua família sendo acometida pela pobreza após seu pai adoecer e ficar desempregado. Aos 16, recebeu a notícia da morte precoce da sua mãe.

Diante de uma reviravolta brutal, Ludemir tenta focar nos estudos e atender as orientações da terapeuta. No entanto, no meio do caminho se vicia em drogas. Aos 19, se muda para o Rio de Janeiro e não consegue abandonar o vício.

Na época, morando com amigos, Júlio conseguiu se entender como artista diante do seu ciclo de amigos também artistas, talentosos e músicos. Um deles: o cantor Lenine. Apesar do autoconhecimento e dos movimentos que tinha de virar as noites sonhando e escrevendo projetos culturais, Ludemir não conseguiu vencer a briga contra as drogas.

"Houve um momento da minha vida que eu paguei um preço muito caro por isso. Dormi na rua, fui o que se pode chamar de amigo gangorra: aquele que quando você senta o outro levanta", relembra.

Ao se tornar pai pela segunda vez, aos 30 anos, Júlio encontra forças para iniciar a batalha contra os entorpecentes.

Aos 42, Júlio consegue lançar seu primeiro livro "No Coração do Comando", que conta a história de um amor proibido entre a sobrinha de um chefão do Terceiro Comando e um integrante do Comando Vermelho. Atualmente, o escritor soma nove livros publicados. Além disso, completa, no dia do aniversário de sua filha, a marca de 31 anos sem drogas.

Após nove anos, Júlio criou a Festa Literária das Periferias (FLUP). O que já era um sonho, hoje é um evento que está completando seu décimo ano.