PERIFERIAS PELO MEIO AMBIENTE

Hoje, 5 de junho, é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. Ainda que devastado de todas as formas pela espécie humana, nós, do PerifaConnection, queremos trazer à tona iniciativas das periferias que atuam em contrapartida, com frentes de revitalização de espaços periféricos e criação de consciência ambiental coletiva a partir destes territórios.

Trabalhar a educação ambiental com a nova geração é o lema do Projeto Inclusão, que está localizado no Morro da Aparecida, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Os idealizadores Élida Nascimento, 41, e Marcos Júnior, 45, buscam envolver a comunidade em atividades como plantio de árvores, construção de hortas e laboratórios de agricultura. Em 2020, o Inclusão promoveu a entrega de 500 cestas básicas contendo frutas e legumes, incentivando a alimentação saudável dos moradores. Élida explica que "estamos realizando ações de conscientização sobre a sustentabilidade no planeta para crianças, jovens e adultos".

Voluntariado e sustentabilidade também fazem parte dos objetivos do Providência Agroecológica, construído em 2015 a partir das iniciativas de Elisângela Almeida, 25, e Alessandra Roque, de 50 anos. Hoje, contando com Lorena Portela, 29, mais uma integrante do grupo, a organização liderada por essas três mulheres conquistou uma sede própria. Diariamente são realizadas atividades de plantio, reforço escolar, promoção da alimentação saudável, arte e cultura. Além disso, no local há mais de 500 espécies de hortaliças, plantas medicinais e árvores frutíferas. Alessandra Roque conta que "as crianças fazem todo o cuidado diário de plantio. Trabalhamos desde a semente à compostagem, e à rega das plantas… elas sabem até as frutas do lanche que saem do nosso quintal".

Por último, conversamos com o coletivo Raízes da Mata, atuante no Parque Ecológico da Maré, única área verde da região, que sofre há anos com ausência de iniciativas de preservação pelo poder público. O coletivo, formado por 25 jovens de periferias, conta com a colaboração de instituições locais, como o Museu da Maré. No entanto, sem êxito no atendimento de órgãos administrativos, projeta voluntariamente ações como mutirões de limpeza, revitalização do espaço, mapeamento de espécies raras de vegetação, algumas destruídas na última atuação da empresa de limpeza da prefeitura, que segundo Gleison Carvalho, de 27 anos, um dos integrantes do coletivo, "não está preparada para atuar em áreas de preservação".

Já Camila Felippe, 24, outra jovem do grupo, diz que "ter pessoas especializadas no coletivo é importante para ações técnicas", mas não se restringem a nenhum critério e todos que quiserem se unir para somar são bem-vindos. O grupo promoverá ações culturais e formação ambiental para crianças e pré-adolescentes e, principalmente, o que desejam, como disse David Candido, 26, é "resgatar a memória de pertencimento dos moradores e que as famílias possam estar presentes, utilizando o espaço como área de lazer". Os encontros do coletivo ocorrem aos fins de semana no Parque. Vale lembrar que o Raízes está em busca de patrocinadores para potencializar suas ações.