Pais Pretos Presentes: de uma rede de apoio e acolhimento a um lugar político

Coletivo soma 80 mil seguidores no Facebook e Instagram

Humberto Baltar é o fundador do coletivo 'Pais Pretos Presentes'
Humberto Baltar é o fundador do coletivo 'Pais Pretos Presentes' -
Felicidade, medo, dúvidas e inquietações após descobrir que seria pai foram os sentimentos que levaram Humberto Baltar a ir até o Facebook para perguntar: “Alguém conhece um pai preto presente para me apresentar?”. Na época com 38 anos, Humberto não imaginava que uma pergunta feita em 2018 logo se tornaria uma rede de apoio intitulada hoje como Pais Pretos Presentes. No entanto, a procura dos pais foi tão alta que o coletivo se tornou além de um espaço de apoio no WhatsApp ou em outras redes sociais.

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Humberto Baltar é o fundador do coletivo 'Pais Pretos Presentes' Carol Fernandes
Thabata, Mazai e Mukumbi, filhos de André Hotep Arquivo Pessoal
André Hotep com os filhos Arquivo Pessoal
Somando 80 mil seguidores no Facebook e Instagram, o coletivo se reúne on-line a cada 15 dias para trabalhar multiletramentos, como definiu Humberto. Entre eles o letramento racial, ancestral, parental, emocional, além de falar sobre aquilombamento e representatividade.

Apesar de comemorar os avanços da representatividade do homem negro na mídia, Humberto reforça que ainda há um longo caminho: “No momento temos três protagonistas pretas em novelas, isso contribui um pouco para que você tenha uma mudança nos personagens como um todo. Não seria possível colocar mulheres empoderadas, a frente do seu tempo e colocar todos os homens negros como alcoólatras, viciados, criminosos e agressivos como costumavam fazer. Então você começa a ter um homem preto presente, carinhoso, amoroso, mas ainda é algo muito tímido se comparado aos personagens brancos.”

André Hotep, 32 anos, pai de três filhos que acompanha o coletivo desde a criação, fala sobre a importância da existência do grupo.

Através dessas conversas que rola com os semelhantes de menos julgamentos e mais orientação que você vê a pessoa que entra irresponsável se tornando um pai responsável, os ausentes se tornam presentes. Não é uma troca que vem do diferente, que geralmente vem como um dedo na cara, quando vem do semelhante de fato é uma troca.”, afirma André.

Com o objetivo de ampliar o debate com o olhar para a população negra, o Pais Pretos Presente se filiou à Rede Nacional da Primeira Infância e passou a oferecer consultoria étnico racial para empresas. Com os valores arrecadados pelas consultorias, o grupo distribui cestas básicas para as famílias previamente cadastradas.

Pais e mães interessados em participar dos grupos de estudo com o olhar para a população negra, basta se inscrever no link disponível no perfil do Instagram @paispretos
Samara Oliveira, editora do PerifaConnection

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