A história por trás do Dia do Orgulho Lésbico

Agosto é um mês simbólico para os movimentos de lésbicas em todo o país
Agosto é um mês simbólico para os movimentos de lésbicas em todo o país -

Agosto é um mês simbólico para os movimentos de lésbicas do nosso país. Celebramos nosso orgulho, visibilidade, amores, resistências e vidas. Para além de uma data comemorativa, é um marco histórico construído por muita coletividade e transgressão.

Na década de 80, um restaurante chamado Ferro's Bar, em São Paulo, reunia diversos artistas, ativistas e pessoas LGBTIAP e em 1983, final da ditadura militar. O Grupo de Ação Lésbica Feminista (GALF) começou a distribuir seu jornal informativo, o ChanaComChana, no espaço. Porém, sofreram diversas violências, foram impedidas de entregar seus materiais e expulsas do lugar. Um nítido caso de lesbofobia.

Em 19 de agosto daquele ano, o GALF ocupou o Ferro's Bar em protesto, dando origem ao que hoje chamamos de Dia do Orgulho Lésbico e a Revolta do Ferro's Bar.

A manifestação também ficou marcada como o "Stonewall brasileiro", em referência ao que ocorreu em Nova York (1969): um levante que ocupou o bar Stonewall depois de inúmeras agressões da polícia, e que hoje simboliza o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP .

Celebramos o legado de coragem, resistimos entre velcros, encruzilhadas, becos, desejos e sempre em movimento. Dentro do nosso orgulho vibram corpos que rompem a lógica normativa, existimos em cada beco, quilombo, favela, terreiro, aldeia, escola, rua. Somos visíveis, você nos enxerga?

Se hoje uma sapatão, cria da Baixada Fluminense, ocupa as páginas de um jornal é porque um informativo, na década de 80, anunciou que era possível escrevermos sobre as nossas vivências, trajetórias, dilemas e sonhos. É muito importante contarmos sobre nossas narrativas, a invisibilidade bate em nossas portas a todo momento. Estamos enfrentando o lesbocídio, os assédios, a insegurança alimentar, o fetiche, atravessamos lutos, violências raciais e territoriais, ausência de políticas públicas efetivas para o nosso bem viver.

Espero que daqui a 40 anos possamos folhear e compartilhar diversos jornais e informativos feitos por uma multidão de lésbicas (principalmente de favelas e periferias) assinando editoriais, fotografias, cartas de amores, honrando nossa memória, impulsionadas pela expansão do nosso amor e contando que um novo mundo é possível. O futuro é sapatão!

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