Fruto da coletividade: Quilombola Joelington Rios se destaca na arte contemporânea

Seu trabalho está presente em coletivas no Rio de Janeiro, Maranhão e Pará, e, muito em breve, em Pernambuco

Joelington Rios
Joelington Rios -
Destaque na Arte Contemporânea, o quilombola e artista visual Joelington Rios, de 26 anos, nasceu, cresceu e foi criado no Quilombo Jamary dos Pretos, em Turiaçu, Maranhão. Foi em 2017, ainda em sua terra natal, que realizou a sua primeira exposição individual, chamada Mocambos. Desde então, nunca mais parou. Há cerca de seis anos se mudou para o Rio de Janeiro e desenvolve pesquisas participando ativamente de exposições. Sem perder suas raízes, vive entre os dois estados, bem como articula relações e identifica semelhanças a partir de suas vivências.

Quando criança, descobriu a fotografia por meio de sua prima e líder do quilombo Lindionara Ribeiro. Na época, não era fácil ou barato ter acesso a uma câmera. Em vista disso, mais tarde a própria comunidade fez uma campanha para a aquisição de um equipamento.

Mocambos, mencionada anteriormente, tem um significado especial, não só por ser a sua primeira exposição individual, mas sobretudo pelo fato de que a ideia partiu de discussões promovidas em seu território. Joelington Rios percebeu o quanto as pessoas não conheciam a realidade de seu quilombo e como isso resultava em estereótipos. Resolveu então mostrar o dia a dia, com imagens de objetos, pessoas e cenas. Naquele momento, ainda não se considerava ou pretendia ser artista visual, mas, com o passar do tempo, decidiu seguir esse caminho.

Sua prática teve início na fotografia, meio expressivo que mantém até hoje, ampliando depois para a vídeo arte, escultura, instalação, entre outras mídias. Refere-se a sua produção artística como sonhos da juventude, dotados de beleza, ancestralidade e sensibilidade. Os temas investigados promovem questões urgentes, de caráter social, político, cultural e espiritual. Adotando como referência à história Quilombola, seu objetivo consiste em “revelar outras corporalidades, criar significado, ressignificar memórias e elaborar outras formas de existência”. Com uma visão crítica, buca apresentar a potência e o significado de ser negro no Brasil.

O seu trabalho está presente em coletivas no Rio de Janeiro, Maranhão e Pará, e, muito em breve, em Pernambuco, após a conclusão de uma residência artística. Nesse sentido, 2023 tem sido um ano importante, não só pela quantidade de exposições, mas especialmente pela circulação no Norte e Nordeste do país.

João Paulo Ovidio, professor, historiador da arte e colaborador do PerifaConnection

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