Moda inclusiva favelada e futurista

Casal de jovens estilistas trans promove moda sustentável para pessoas LGBTQIA+ de São Gonçalo à Santa Cruz

Casal de jovens estilistas trans promove moda sustentável para pessoas LGBTQIA+ de São Gonçalo à Santa Cruz
Casal de jovens estilistas trans promove moda sustentável para pessoas LGBTQIA+ de São Gonçalo à Santa Cruz -
Nos últimos anos a periferia tem conseguido destaque no mercado da cultura, arte e também da moda, o que visibiliza autores que conviviam com a ideia de que a ascensão e o reconhecimento pelo seu trabalho só seria possível se não viessem da favela. O marco também parte do reconhecimento dos próprios favelados, que no auge da descriminação e da falta do incentivo financeiro têm a ousadia de se posicionar como produtores, criadores, artistas e estilistas e produzir também da favela para a favela.

Foi em maio de 2020 que Nathan Santos, de 23 anos, teve a ideia de iniciar um negócio para comercializar durags - tecidos que preservam cabelos crespos e cacheados - para ressaltar a beleza dos crias da sua favela, no Barreto, bairro que faz divisa entre Niterói e São Gonçalo. A King Of Durags, foi pontapé para aumentar sua relação com a costura, a ideia de estética e a criação, e logo King - Rei das Durags, se tornou seu apelido. Há época o jovem, que é homem trans, professor e educador social, enfrentava dificuldades para se inserir no mercado de trabalho formal.

No final de 2021 o jovem gonçalense conheceu a Ballroom, uma comunidade artística construída por pessoas LGBTIQIA+, de periferia de dentro e fora do Brasil e que tem como um dos pontos centrais as festas conhecidas como 'bailes', ou 'balls', onde as pessoas têm a oportunidade de contar uma nova história sobre seus corpos através da performance no salão de baile. A comunidade é conhecida pelo vogue e pelas categorias de estética, como runway e face.

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Casal de jovens estilistas trans promove moda sustentável para pessoas LGBTQIA+ de São Gonçalo à Santa Cruz Reprodução / Instagram

"Por muito tempo eu não tive acesso as roupas que eu queria, recebia doações da igreja, roupas dos meus primos e isso abalava muito a minha autoestima. Quando eu cresço e começo a ter essa autonomia de buscar qual maneira que eu posso me vestir, nesse momento eu entendo que eu sou apaixonado por moda, principalmente a moda de rua", conta King, que se encontrou na moda Street Wear e passou a produzir trajes para participar das balls.

No salão de baile The Prince King 007 conheceu a Gabriela de Barbosa, travesti negra de 19 anos, cria de Santa Cruz - Zona Oeste do Rio, que também é estilista e hairstylist e tem a ideia de construir looks e penteados inesquecíveis para todos os corpos. A stylist conta que a moda foi o seu primeiro contato com área artística e que através das suas peças consegue trabalhar a autoestima de pessoas como ela. "Não tem nada maior no mundo do que isso pra mim, sabe? A possibilidade do meu corpo existir. Dele estar vivo em algum lugar", conta.

Juntos o casal tem construído looks criativos que param as ruas da favela e ações de incentivo à cultura entre a juventude de periferia, através da Comunidade Ballroom Rio e em suas iniciativas GDB e King Of Durags.
Rahzel Alec, colaborador do PerifaConnection

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