‘Palavras que Libertam’ e um próspero ano novo

Ativista Binho Cultura explica como surgiu a ideia do livro

Binho Cultura idealizou o livro 'Palavras que Libertam'
Binho Cultura idealizou o livro 'Palavras que Libertam' -
O papo hoje fala de uma segunda chance e de que um novo futuro é possível para todos. E se eu te disser que jovens privados de liberdade, quando têm a chance de contarem as suas histórias em primeira pessoa, podem reescrever suas trajetórias de vida e serem ressocializados pela arte, você acreditaria?
Idealizado por Binho Cultura, ativista cultural da Zona Oeste e morador da Vila Aliança, o livro 'Palavras que Libertam' fala por si até no nome. O livro nasce do projeto de mesmo nome que acontece em diversos Degase, oferecendo oficinas de produção textual e convida os socioeducandos a reescreverem suas histórias. Só quem entra nos espaços de segregação e violência consegue enxergar uma juventude numa outra perspectiva.
“É bom receber o retorno da família quando um adolescente volta para os seus braços e deixa para trás a vida do crime. No Natal do ano passado recebi a mensagem de um jovem para me desejar feliz Natal e comunicar que estava trabalhando, assim como outros pais que estavam voltando a passar as festas com seus filhos, com a cabeça mudada por causa do projeto, pois a conversa era bem franca. E como diz a gíria, no Papo Reto, quem abraça o papo a vida muda”, afirma Binho.
Como desdobramento da FLIZO (Festa Literária da Zona Oeste) de 2013, surge em 2014 esse projeto de inserção e diálogo com quem sempre foi invisibilizado. São mais de 100 histórias e relatos de vida presentes na obra.
“O nome ‘Palavras que Libertam’ vem de um passeio que fiz com os jovens no Cristo Redentor, no Dia Nacional da Poesia, por meio de liberação judicial”, relembra Binho Cultura.
É sobre fazermos uma reflexão de quantas oportunidades tivemos para sermos cidadãos, de estudo, trabalho, moradia e vida. Queremos vingança ou justiça quando jovens, em sua imensa maioria pretos e pobres, atravessam nosso caminho para subtrair nossos bens que conseguimos com tanto suor?
Com a repercussão dessa iniciativa que começou nas galerias do Educandário Santo Expedito, em Bangu, conhecido na época como Bangu Zero, o projeto segue para outras unidades do Degase e ganha corpo, mas só depois de nove anos que se materializa neste livro, por ser um trabalho independente.
O lançamento desta antologia acontece no mês de janeiro com um circuito para difundir a obra, passando pelos bairros da Zona Oeste e Zona Sul, além de outros municípios, como o de Maricá.
Por Thiago Mathias, produtor cultural e colaborador do PerifaConnection
e Samara Oliveira, editora do PerifaConnection

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