Pensar o samba é pensar circularidade. Um tempo não linear. No qual, é possível vivenciar passado, presente e futuro, como nos diz o samba da Estação Primeira de Mangueira. E pensar continuidade, é sobretudo, quando se trata do universo artístico-cultural do samba, é pensar o protagonismo negro. Onde “a história que a história não conta” é narrada em primeira pessoa do plural.
São artistas, trabalhadores, pesquisadores, enredistas, passistas, instrumentistas, cantores, artesãos espalhados pelos cargos e postos dentro e fora das Escolas de Samba do Rio de Janeiro que produzem, da parte artística e intelectual até a aqueles que preparam as refeições em quadra, a feijoada de sábado, os lanches dos ensaios; homens e mulheres negros na condução do maior espetáculo da terra.
São artistas, trabalhadores, pesquisadores, enredistas, passistas, instrumentistas, cantores, artesãos espalhados pelos cargos e postos dentro e fora das Escolas de Samba do Rio de Janeiro que produzem, da parte artística e intelectual até a aqueles que preparam as refeições em quadra, a feijoada de sábado, os lanches dos ensaios; homens e mulheres negros na condução do maior espetáculo da terra.
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São mulheres como Alcione, apaixonada por sua escola e comunidade, a tal ponto, que se tornou uma das fundadoras da Escola de Samba Mirim do Rio de Janeiro: A Mangueira do Amanhã, uma escola dedicada à construção artística e cultural de crianças e adolescentes sambistas.
Atualmente, a cantora segue como presidente de honra da escola mirim, que a homenageia no enredo de 2024. Mulheres, matriarcas, senhoras à frente de seu tempo. Que usam de seu protagonismo e espaço para projetar futuros negros regados à cultura de ancestrais. Isso é o que chamamos hoje de Afrofuturismo: pensar o amanhã a partir do hoje. O tempo não-linear, mas contínuo.
Mas também são homens como Cosme da Velha Guarda da Bateria da Mangueira, Mestre Delegado, Cartola, Carlos Cachaça, Xangô de Mangueira, Jamelão, entre tantos outros nomes que fizeram e fazem o Carnaval carioca acontecer dentro de uma favela no subúrbio do Rio.
“Eu me achei na Mangueira. É aqui que eu quero me divertir, aqui que eu quero brincar, me dedicar. Eu sou alguém daquela comunidade,” afirma Alcione em entrevista sobre a sua relação com a escola.
Sob o título “A Negra Voz do Amanhã”, a Mangueira leva para avenida numa grande epopéia a história da cantora do Maranhão até sua relação com os fundadores da Estação Primeira de Mangueira.
Que saibamos preservar e respeitar o grito de liberdade negro que é o Carnaval Carioca para garantirmos nosso amanhã como povo negro. Que respeitemos as famílias, aqueles que fazem desse legado vivo até os dias de hoje e formando o amanhã.
É Carnaval, Rio. Sejamos felizes!
Bárbara Rachel, professora, roteirista, artista do Carnaval e Diretora Cultural da Mangueira do Amanhã