Dez anos de fanfarra na favela

Nesses 10 anos, cerca de 800 jovens puderam ter seu primeiro contato com a educação musical
Nesses 10 anos, cerca de 800 jovens puderam ter seu primeiro contato com a educação musical -
Percussão, escaleta e tuba são alguns instrumentos que centenas de crianças e adolescentes periféricos e de escolas públicas vêm aprendendo a tocar no Favela Brass. O programa, nativo da comunidade Pereira da Silva (localizada entre Santa Teresa e Laranjeiras), está completando dez anos. Nesse período, cerca de 800 jovens puderam ter seu primeiro contato com a educação musical.

Marcos Henrique fez parte da primeira turma da iniciativa, em 2014, quando tinha apenas 11 anos. Morador do morro do Fallet-Fogueteiro, em Santa Teresa, ele aprendeu a tocar percussão, bombardino e tuba. “O programa me ajudou a crescer profissionalmente, pois abriu portas de aprendizagem e de trabalho”, conta. Atualmente, o músico encontrou uma forma de retribuir o conhecimento adquirido, tornando-se professor do Favela Brass. “A sensação é incrível. Eu tenho ótimas lembranças e fico feliz de poder ensinar tudo que aprendi no mesmo lugar onde me desenvolvi musicalmente.”
Os alunos participam de festivais internacionais de música, como o Bourbon Street Festival, em Paraty - Felipe Bezerra / Divulgação


O cenário de expansão da educação musical nas periferias é um desejo antigo de Tom Ashe, fundador do Favela Brass. O músico britânico percebeu que nas favelas não era comum ter pessoas tocando alguns instrumentos musicais. “Após uma década, há ex-alunos, que se tornaram maiores de idade, atuando em diferentes áreas musicais e que dão aulas em nosso projeto. É um sonho se tornando realidade”, afirma.

Mais um fruto do trabalho desenvolvido no programa foi o início da tradição de fanfarras na comunidade Pereira da Silva. Os alunos participam de festivais internacionais de música, como o Bourbon Street Festival, em Paraty. “As crianças fizeram o primeiro cortejo de jazz no festival. Essa foi uma conquista muito grande.”

Além do trabalho na favela, o programa atua em sete escolas públicas: E.M. Alberto Barth, E.M Machado de Assis, E.M. Maria Leopoldina, E.M. Pereira Passos, E.M. Senador Corrêa, E.M. Vital Brasil e CIEP Tancredo Neves (todas no Rio).

Prestes a completar 10 anos, o Favela Brass preparou uma programação especial para celebrar o aniversário. O famoso Baile Brass, principal evento do programa, vai ter uma edição especial, em março, com a participação de dez bandas para um campeonato de fanfarras no Parque Glória Maria, em Santa Teresa. Os jurados serão os próprios alunos do programa. Para saber mais sobre o Favela Brass e formas de doação, acesse o site www.favelabrass.org.

Marcos Furtado, jornalista e colaborador do PerifaConnection
Os alunos participam de festivais internacionais de música, como o Bourbon Street Festival, em Paraty
Os alunos participam de festivais internacionais de música, como o Bourbon Street Festival, em Paraty Felipe Bezerra / Divulgação

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