Programa liderado por negros evangélicos lança Escola de Justiça Racial

A iniciativa educacional se coloca como uma ponte entre a igreja evangélica e o movimento negro

Projeto é uma iniciativa do Movimento Negro Evangélico do
Brasil
Projeto é uma iniciativa do Movimento Negro Evangélico do Brasil -
O Programa Martin Luther King para formação e incidência política lança a
Escola de Justiça Racial. O projeto é uma iniciativa do Movimento Negro Evangélico do
Brasil, uma organização nacional que atua em dez estados brasileiros e é formada por
lideranças negras evangélicas que tem como principal papel ser uma ponte entre o
movimento negro e a igreja.

A coordenadora nacional do Movimento Negro Evangélico, Rakell Matoso destaca a necessidade da Escola de Justiça Racial no país: “Vivemos em um país desigual e é preciso pensar nas tecnologias e ferramentas do povo negro para diminuir desigualdades através do nosso conhecimento ancestral.” A iniciativa é gratuita e vai ocorrer nos meses de março, abril e maio de 2024 de maneira presencial nas cidades do Rio de Janeiro e Recife, e também terá uma versão on-line para chegar em outros lugares do país. As inscrições vão até a próxima quarta-feira, através do link disponível no perfil @mnebrasil, no Instagram.

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A iniciativa é gratuita e vai ocorrer nos meses de março, abril e maio de 2024 de maneira presencial nas cidades do Rio de Janeiro e Recife Débora Oliveira / Divulgação


A formação é uma iniciativa educacional de capacitação e desenvolvimento teórico-prático
da comunidade evangélica na luta pela equidade racial, se tornando uma metodologia
importante no enfrentamento do racismo, visto que o fundamentalismo religioso tem sido um
dos maiores inimigos da luta antirracista no Brasil e no mundo, consolidando agendas
importantes que atentam diretamente contra vidas negras.

Tivemos um caso recente de uma das maiores conferências teológicas do campo
evangélico que convidou um pastor e teólogo norte-americano, Douglas Wilson, que é
amplamente conhecido como defensor do sistema escravocrata mais “humanizado” a partir
do que ele chama de “valores bíblicos”. Esse caso acendeu uma alerta em várias lideranças
evangélicas sobre o quanto não falamos sobre a história negra dentro e fora das igrejas e
nunca conversamos sobre os resquícios e herança da escravidão que existem até hoje.

Com uma reflexão sobre a história do Brasil, o coordenador geral do Programa Martin Luther King, Jackson Augusto, destaca: “O Brasil é um país com uma história sangrenta e a igreja protestante brasileira chega aqui ainda na época colonial e nunca discutiu de maneira oficial o legado da escravidão e o racismo dentro de suas estruturas. A escola é um instrumento de consciência e transformação não somente da igreja mas que também vai discutir a sociedade que vivemos.”

Por este motivo é urgente criarmos mais espaços de educação antirracista em todas as
dimensões sociais que temos no Brasil. É dever de todos nós tirarmos debaixo do tapete o
legado de injustiças que o povo negro sofre sistematicamente e termos um projeto que visa
a conscientização e transformação das pessoas.

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