Torre Verde: a horta na laje que transforma a Rocinha

Cerca de 780 crianças participam de aulas de educação ambiental, moradores locais são contratados para operar a torre, e os alimentos cultivados sem agrotóxicos são distribuídos para a comunidade
Cerca de 780 crianças participam de aulas de educação ambiental, moradores locais são contratados para operar a torre, e os alimentos cultivados sem agrotóxicos são distribuídos para a comunidade -
Na Rocinha, uma das maiores comunidades da América Latina, inovação e sustentabilidade se unem no projeto Torre Verde, uma estrutura de 12,5 metros localizada entre o CIEP Doutor Bento Rubião e a Escola Municipal Luiz Paulo Horta. Inaugurada em outubro de 2022, a torre vai além de ser uma horta urbana: é um símbolo de economia circular e tecnologia social.
Com financiamento da FAPERJ e apoio técnico da AAA_Azevedo Agência de Arquitetura e do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a Torre Verde integra geração de energia solar, captação de água de chuva, hortas verticais e compostagem acelerada que transforma resíduos orgânicos em adubo em apenas 45 minutos. A estrutura compacta (5m x 5m) combina processos sustentáveis, como a produção de 20 a 50 kg de alimentos por mês, processamento de 90 kg de resíduos orgânicos diários e geração de até 470 kWh de energia mensal.
“O principal objetivo, além do respeito ao meio ambiente, é incentivar as pessoas a plantarem com consciência”, afirma Tânia Oliveira, moradora da Rocinha e uma das fundadoras do projeto Horta na Laje. “Uma garrafa, por exemplo, que está poluindo o meio ambiente, pode abrigar uma hortaliça.”

Galeria de Fotos

Inaugurada em outubro de 2022, a torre vai além de ser uma horta urbana: é um símbolo de economia circular e tecnologia social Divulgação
O projeto promove práticas de economia circular, reduzindo resíduos descartados irregularmente e beneficiando diretamente a comunidade. Cerca de 780 crianças participam de aulas de educação ambiental, moradores locais são contratados para operar a torre, e os alimentos cultivados sem agrotóxicos são distribuídos para a comunidade, ampliando o acesso a uma alimentação saudável.
A transformação da Rocinha em um polo de inovação tem o apoio do PISTA (Parque de Inovação Social Tecnológico e Ambiental), que integra ciência e tecnologia ao cotidiano dos moradores. Projetos como Rocinha Solar e Horta na Laje capacitam moradores, geram economia e promovem sustentabilidade.
“A FAPERJ acredita que a ciência e a tecnologia são poderosas ferramentas de transformação. O que estamos vendo na Rocinha é a materialização desse potencial”, afirma Carolina Alves, presidente da fundação. A Beco Incubadora Criativa, outro destaque do PISTA, já ajudou cerca de 390 moradores a desenvolver startups e negócios locais. Além disso, iniciativas culturais, como o cinema comunitário, capacitam jovens na produção audiovisual, dando voz à Rocinha e ampliando sua representatividade cultural.
Moradores como Tânia Oliveira são exemplos de protagonismo. A iniciativa, que começou durante a pandemia, hoje ensina crianças sobre plantio sustentável e reciclagem. “Com o projeto, as crianças aprendem desde cedo a importância de cuidar do meio ambiente e a plantar o próprio alimento”, completa Tânia.

Comentários