Projeto identifica áreas de risco ambiental no Rio de Janeiro

Dados do projeto Rio 60ºC mostram que 21% dos domicílios cariocas estão em áreas vulneráveis a deslizamentos e inundações
Dados do projeto Rio 60ºC mostram que 21% dos domicílios cariocas estão em áreas vulneráveis a deslizamentos e inundações -
Dados do projeto Rio 60ºC mostram que 21% dos domicílios cariocas estão em áreas vulneráveis a deslizamentos e inundações. Plataforma propõe medidas urgentes.
O Rio de Janeiro vive uma emergência climática. De acordo com o Índice de Vulnerabilidade a Chuvas Extremas (IVCE-RJ), desenvolvido pelo projeto Rio 60ºC, cerca de 599 mil domicílios — o equivalente a 21% das residências da cidade — estão localizados em áreas de alta vulnerabilidade a desastres causados por chuvas intensas. Dentro desse universo, 142 mil moradias apresentam risco classificado como “muito alto”, com concentração significativa em comunidades de baixa renda.
O estudo cruza dados geológicos do Serviço Geológico Brasileiro com indicadores socioeconômicos do IBGE, revelando um retrato preocupante da cidade em meio às mudanças climáticas. As favelas e periferias, historicamente marcadas pela desigualdade urbana, são também os territórios mais expostos aos eventos extremos.
Na Rocinha, maior favela do país, 10,5 mil casas — ou 42% do total — estão em áreas de alto risco de deslizamentos. No Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, cenário de uma tragédia em 2010 que deixou 34 mortos, 604 domicílios (35%) permanecem vulneráveis.
Já quando o risco é de alagamento, os bairros da Zona Norte lideram os dados mais críticos. Em Acari, Pavuna e Irajá, 31 mil residências (34%) estão em áreas suscetíveis a inundações. Na Zona Oeste, o Jardim Maravilha, em Guaratiba, tem 7,3 mil casas (61%) sob risco de alagamento.
Plataforma une ciência, dados e jornalismo
O projeto Rio 60ºC, desenvolvido pela Ambiental Media em parceria com pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), vai além do diagnóstico. A plataforma reúne jornalismo investigativo, modelagem climática e visualização de dados para mapear em tempo real as áreas de maior risco, propor soluções baseadas em evidências científicas e alertar autoridades e população sobre os perigos iminentes.

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Dados do projeto Rio 60ºC mostram que 21% dos domicílios cariocas estão em áreas vulneráveis a deslizamentos e inundações Reprodução
“Acompanhar os dados climáticos faz parte do trabalho da Ambiental, e a escalada dos eventos extremos é algo que nos preocupa”, afirma Thiago Medaglia, diretor da Ambiental Media.
Entre as dez soluções propostas pela plataforma estão a ampliação do sistema de alertas (atualmente apenas 164 sirenes estão em funcionamento), criação de parques alagáveis, investimentos em drenagem urbana eficiente, limpeza regular de rios e canais e instalação de pluviômetros em áreas críticas.
“A gente espera que os dados ajudem a direcionar os olhares e os investimentos para a adaptação climática das periferias dos centros urbanos”, destaca Mariza Ferro, coordenadora do grupo de pesquisa RioNowcast+Green da UFF.
O projeto, que conta com apoio do Instituto Serrapilheira e do Pulitzer Center, está disponível gratuitamente no site ambiental.media, com relatórios completos, mapas interativos e infográficos explicativos.
Por Felipe Migliani, repórter e colaborador do PerifaConnection
 

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