Leitura e ancestralidade na Zona Oeste do Rio

Biblioteca comunitária oferece espaço de troca de saberes, fortalecimento da identidade negra e preservação da memória local

Biblioteca na Zona Oeste valoriza a cultura negra com livros, oficinas e memória
Biblioteca na Zona Oeste valoriza a cultura negra com livros, oficinas e memória -
Localizada no coração do Horto Florestal Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, a Biblioteca Comunitária Mãe Maria de Lourdes Candeia da Silva convida a população a ocupar um espaço de troca de saberes, fortalecimento da identidade negra e preservação da memória local.
O acervo reúne obras que reforçam o compromisso do espaço com a valorização da cultura, com destaque especial para autores negros. Entre os títulos disponíveis estão: O Quarto de Giovanni, de James Baldwin; Becos da Memória, de Conceição Evaristo; Sortilégio: Mistério Negro, de Abdias do Nascimento; e Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus. A biblioteca também oferece literatura infantojuvenil, como Com Qual Penteado Eu Vou, de Luciana Oliveira, e Pequeno Manual Antirracista para Crianças, de Adriana Barbosa.
Mais do que um espaço de leitura, a biblioteca promove oficinas de empoderamento, rodas de conversa e outras atividades educativas. De acordo com o fundador, Luiz Germano da Silva, o objetivo é ampliar as ações com reforço escolar, clube do livro, vestibular social, contação de histórias e cursos de letramento racial.
A biblioteca homenageia Mãe Maria de Lourdes, mulher que atuou por décadas no bairro com solidariedade e fé. Atuante na comunidade, ela promovia ações como distribuição de cestas básicas e agasalhos no inverno. Através da Umbanda — religião de matriz africana — também acolhia moradores com rezas e escuta. Maria de Lourdes faleceu aos 85 anos em maio de 2022. Teve dois filhos: Luiz Germano da Silva e Ianê Germano.
Inaugurado em fevereiro de 2024, o espaço foi idealizado por Luiz Germano junto com amigos e moradores da região. Como marco inicial, uma campanha propôs a doação de livros em troca de tranças nagô ou embelezamento de unhas — ideia da social media Patrícia Albino, que uniu literatura e ancestralidade de forma inovadora.
A biblioteca segue aberta à colaboração. Quem quiser apoiar pode doar livros e participar das atividades realizadas no local: Rua Professora Amélia Pinto Chagas, nº 6, Horto Florestal – Santa Cruz. Você encontra mais informações no Instagram: @cirandaetnica.oficial.
Por: Catiane Pereira, jornalista e colaboradora do PerifaConnection

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