ESPECIAL: MÊS DO ORGULHO LGBTQIA

Davlyn Lótus, 31, cresceu no bairro Jardim Bandeirantes, em Nova Iguaçu. Sendo ela criada num ambiente familiar e socialmente tradicional, desde a sua infância precisou enfrentar desafios ao se expandir para o mundo. Aos 10 anos, Lótus foi morar em Queimados, local em que floresceu mais. Ainda assim, faltavam referências de pessoas, para buscar um processo freudiano de identificação.

"Cresci me dizendo gay, e sendo também, em segredo. Tive diários escritos, cartas também — mas que foram encontradas e entregues à cabeça familiar para uma 'disciplinação', digamos assim, sob coerção… nunca foi exatamente um segredo, pois os trejeitos afeminados numa imagem masculinizada por atravessamentos não se escondiam. Escrevia no quarto de portas fechadas, participava de cânticos e coreografias na igreja", explica.

Aos 17 anos, veio uma virada: o rompimento com os vínculos bíblicos e amizades no ensino médio, a permitiram mais liberdade. Davlyn por meio do trabalho e sendo beneficiária de programas sociais estudantis (como o FIES), estudou artes filosóficas das ciências humanas.

"Era um espaço onde, mesmo com restrições, eu ousava na tal fluidez da expressão de gênero — em dias especiais, saltos altos com vestes masculinas. Com o tempo, ao conhecer mais sobre meu histórico gestacional, e considerando a possibilidade de ser um corpo intersexo — lembrando de uma infância marcada por três cirurgias, em que minha mãe dizia serem "para consertar o buraquinho do xixi" —, compreendi, com novas referências, que comecei a me entender como uma mulher transgênero," comenta.

Hoje, Davlyn mora na Casa Dulce Seixas, local de acolhimento à população LGBTQIAP . Conciliando seu trabalho na assistência social de Nova Iguaçu, Lótus é poetisa e participa de batalhas de poesias, buscando conscientizar pessoas com sua arte. "É preciso lutar para que possamos continuar avançando — sem retrocessos". Siga Davlyn Lótus nos perfis do Instagram: @dlyn.lotus,
@casadulceseixas e @coletivo_po.de.poesia.

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