Time Feminino da Maré participa da Taça das Favelas

Desafios ainda são a falta de investimento, a pouca visibilidade na mídia, a escassez de jogos no calendário, o preconceito e a desvalorização

Sediado no Complexo da Maré, o F.C. Feminino do P.U. foi fundado em 2022
Sediado no Complexo da Maré, o F.C. Feminino do P.U. foi fundado em 2022 -
O F.C. Feminino do P.U., fundado em 2022 e sediado no Complexo da Maré, fez sua estreia neste sábado (28/06) na Taça das Favelas, o maior campeonato de futebol de favela do mundo, que reúne equipes masculinas e femininas, promovido pela CUFA (Central Única das Favelas).
A iniciativa de inscrever o time na competição partiu de Edna Santos, fundadora e técnica da equipe. Ela conta que, ao longo dos anos, notou que apenas os meninos do Parque União participavam da Taça das Favelas, e decidiu mudar esse cenário. Hoje, o time conta com 25 atletas mulheres que treinam três vezes por semana no campo dos Estudantes, na Ilha do Fundão, e aos sábados no campo do São Cristóvão.
Embora o futebol feminino esteja ganhando cada vez mais espaço e reconhecimento, ainda enfrenta inúmeros desafios: falta de investimento e patrocínio, pouca visibilidade na mídia, escassez de jogos no calendário, preconceito e a constante desvalorização frente ao futebol masculino.
Edna compartilha um pouco dessas dificuldades: “Não temos apoio. Se queremos jogar, temos que tirar do nosso próprio bolso para bancar as despesas.” Ainda assim, ela mantém o olhar esperançoso: “O futebol feminino está avançando, mas a luta por igualdade de oportunidades e reconhecimento pleno ainda exige muito esforço e engajamento.”
A edição de 2025 da Taça das Favelas reúne 74 equipes masculinas e 28 femininas, representando 102 favelas. Este ano, o campeonato também reforça o combate ao racismo com a campanha “Racismo não é falta, é crime”.

A CUFA, organizadora do torneio, tem como missão democratizar o acesso e o protagonismo no futebol, independentemente do gênero. “Acreditamos que o futebol é um patrimônio do nosso país — jogado por Pelés ou por Martas — e deve ser valorizado igualmente. Vocês podem sempre esperar da CUFA campanhas que provoquem reflexões importantes e abram espaço para debates necessários. Já estamos desenvolvendo ideias que reforcem a importância do futebol feminino”, afirma a organização.
Lucas Costa, assessor da CUFA no Rio de Janeiro, destaca o impacto da Copa do Mundo Feminina de 2027, que será sediada no Brasil: “Esse será um marco fundamental para a modalidade, principalmente para as meninas das favelas. A Taça das Favelas funciona como uma das principais portas de entrada para essas jovens atletas, oferecendo visibilidade e oportunidade. Com a realização da Copa no nosso país, essa visibilidade tende a crescer ainda mais — e queremos que a Taça seja o trampolim que leve essas meninas ao cenário internacional.”
Por Ana Paula Godoi, publicitária e colaboradora do PerifaConnection

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