Juventude debate sobre clima

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Pela primeira vez, a COY20 (Conferência Climática Global de Juventudes), evento preparatório para a COP30, foi coorganizado por iniciativas de periferia lideradas por jovens brasileiros. A frente anfitriã é formada pelo PerifaConnection, COP das Baixadas e Águas Resilientes, coletivos que atuam em territórios urbanos e amazônicos afetados diretamente pela crise climática.

A COY, que aconteceu nesta semana, de 6 a 8 de novembro, na Universidade Federal do Pará (UFPA), é a maior conferência mundial dedicada a crianças e jovens sobre mudanças do clima. O evento é liderado por integrantes da YOUNGO, movimento global de juventudes climáticas ligado à ONU. Além de formações e trocas de experiências, o encontro produziu o Global Youth Statement, documento com propostas de políticas públicas que é entregue oficialmente à Convenção do Clima da ONU (UNFCCC).

A escolha de uma coalizão periférica como anfitriã da COY20 é considerada um marco simbólico e político. Significa reconhecer que os impactos da crise climática não são iguais para todos. Segundo o Instituto Talanoa, países em desenvolvimento registram mortalidade sete vezes maior em desastres ambientais do que as nações ricas. No Brasil, os efeitos são sentidos de forma mais dura nas periferias urbanas, comunidades tradicionais e povos indígenas, onde a falta de infraestrutura e de políticas de adaptação agrava os prejuízos.

"Ser co-anfitriãs da COY20 no Brasil é um marco simbólico e político para o movimento climático, especialmente em um país onde as periferias urbanas, os territórios indígenas, quilombolas e tradicionais são os mais afetados pela crise climática. Ao mesmo tempo em que enfrentam os piores impactos, essas populações costumam ser excluídas dos espaços institucionais de decisão.", afirma Thuane Nascimento, diretora executiva do PerifaConnection.

Enquanto os negociadores da COP30 discutem 100 indicadores de adaptação climática, as organizações periféricas assumem na prática a urgência do tema. Em um contexto de enchentes, secas e queimadas cada vez mais intensas, o debate sobre justiça climática ganha novos rostos e novos sotaques.

O PerifaConnection atua na comunicação e articulação de juventudes negras e periféricas, a COP das Baixadas desenvolve ações de educação climática e mobilização cultural na Amazônia e o Águas Resilientes busca soluções para comunidades afetadas pela crise hídrica.

A presença dessas organizações na linha de frente da COY20 mostra que enfrentar a mudança do clima também é enfrentar desigualdades de renda, raça, território e acesso a direitos básicos.

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