"Fortalecer a soberania alimentar, feminista, antirracista e emancipatória na Serra da Misericórdia." Este é um dos lemas do Centro de Integração da Serra da Misericórdia, o CEM. Localizado na Terra Prometida, no Complexo da Penha, o grupo é formado por lideranças locais, e busca trazer a participação dos moradores para o centro do debate climático nas periferias.
Para que este debate aconteça, a ONG produz alimentos agroecológicos plantados em diversos quintais de áreas desmatadas ao entorno e colhidos pelas mãos de quem mora na comunidade.
No coletivo 'Mulheres em Ação', que atua dentro da rede do CEM, as integrantes são responsáveis pelo reaproveitamento integral dos alimentos, no qual produzem pastas, bolos, sucos naturais - tudo com o objetivo de montar receitas e cardápios saudáveis para uma favela mais sustentável.
Cofundadora do CEM, Ana Santos, 44, questionou em uma palestra como os saberes ancestrais permanecem vivos, sendo grandes formas tecnológicas:
"Uma forma de um xarope que só aquela sua avó vai fazer e ela morre... ninguém reconhece e capta esse conhecimento. Ninguém mais reconhece como tecnologia. Então, eu acho que há falta de valorização do nosso povo, além dessa questão da dignidade, de se reconhecer como sujeito de direito para nós que somos negros - não reconhecemos mais as nossas tecnologias."
Assim, a instituição é reconhecida na luta pela soberania, tanto que foi uma das ganhadoras do 'Prêmio Periferia Viva 2025', ocupando o 10° lugar. Mas a batalha continua com o CEM, precisando do voto popular para receber apoio da Secretaria Nacional das Periferias.
A votação é gratuita: basta acessar o site Mapa das Periferias e realizar o cadastro. Pronto! Em seguida, é só buscar pelo CEM e ajudar quem está no movimento e promovendo um ambiente mais verde na Zona Norte do Rio. Saiba mais em: @cem_serra_misericordia.
Por Beatriz Carvalho, jornalista e colaboradora do PerifaConnection
