Selminha Sorriso fala sobre Carnaval estar mais intelectualizado: 'não é a massa que julga'

Porta-bandeira da Beija-Flor de Nilópolis participou de um podcast: 'Acredito que temos grandes sambas-enredos sendo feitos por poetas do papel de pão ou por aqueles intelectuais que também sentam para compor o samba'

Selminha Sorriso
Selminha Sorriso -
Rio - Selminha Sorriso e Claudinho, mestre-sala e porta-bandeira da Beija-Flor de Nilópolis, foram os convidados da vez do "Bulldog Show", podcast apresentado por Tuka Carvalho. O apresentador relembrou um trecho da participação de Neguinho da Beija-Flor na atração, em que o cantor opinou sobre o Carnaval estar mais intelectualizado e ter virado “samba de escritório”. Sobre o tema, Selminha disse entender que o Carnaval atualmente vive uma fase completamente diferente das décadas anteriores, sendo julgado por intelectuais.

“Esse termo (samba de escritório) não é muito do meu vocabulário, porque eu não sou uma pessoa da música. Gosto de música, preciso dela e as letras eu realmente faço questão de aprender com cada samba enredo, porque você tem que desfilar cantando e interpretando. O ‘subversivo Beija-Flor das multidões’. Eu perguntei ao Claudinho se ele sabe o que é subversivo e ele disse que já descobriu, porque subversivo não é uma palavra que está no vocabulário do nosso cotidiano. Acho que os sambas são lindos e que estamos num momento bem diferente das décadas de 70, 80, 90. O Carnaval cresceu muito e hoje quem julga o Carnaval são os intelectuais. Não é a massa que julga o Carnaval”, diz a porta-bandeira.

Ela ainda cita os intelectuais do passado que estavam diretamente ligados ao Carnaval. “Os intelectuais das décadas de 80 e 90 estavam muito mais inseridos nessa construção. O mestre Haroldo Costa é um intelectual e muitas pessoas que nós conhecemos pelos nomes ajudaram nessa evolução que é o Carnaval de hoje. Arlindo Rodrigues, Maria Augusta, João Trinta, Rosa Magalhães, entre tantas pessoas são intelectuais. Eu vi a fala do Neguinho, entendi e respeitei. Acredito que temos grandes sambas-enredos sendo feitos por poetas do papel de pão ou por aqueles intelectuais que também sentam para compor o samba”, afirma.

Selminha completa dizendo que foi após assistir ao filme de Pitanguinha que sua percepção sobre intelectualidade e Carnaval mudou. “O branco intelectual gostou da nossa manifestação, da nossa cultura e foi se aproximando. O jovem branco da classe média foi gostando disso e foi se aproximando. Veio Noel Rosa, entre tantos outros poetas brancos e foram se aproximando e eles gostavam, porque não era um interesse rentável. Não era pelo dinheiro, era para estar realmente inserido naquela cultura”.
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Selminha Sorriso participa do podcast 'Bulldog Show' Divulgação
Selminha Sorriso, Almir Reis e Claudinho no teste de iluminação da Sapucaí Divulgação
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