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Xô, silicone: jovens atrizes, como Bruna Marquezine e Leticia Colin, valorizam seios naturais

Ao exibir seus corpos da forma que são, sem seguir padrões, elas inspiram uma nova geração de mulheres autênticas

Bruna Marquezine colocou o seios à mostra durante o Carnaval
Bruna Marquezine colocou o seios à mostra durante o Carnaval -

Rio - Barriga trincada, cabelo liso, seios fartos... São inúmeros os padrões de beleza impostos pela sociedade que se tornaram, quase, pré-requisito para se encaixar no 'padrão'. O problema é que, para chegar ao inalcançável corpo perfeito, a solução era, muitas vezes, recorrer às cirurgias plásticas. Porém, com o body-positive e o empoderamento feminino, essa tendência tem caído por terra. É que muitas mulheres vêm defendendo seu corpo natural, exibindo suas curvas e, principalmente, suas imperfeições. Uma consciência que ganha força também entre as atrizes da nova geração. É o caso de Bruna Marquezine, que desfilou toda sua beleza na Sapucaí, no Carnaval, ao usar uma blusa transparente, com seios à mostra.

Maria Casadevall (Foto: Reprodução) - Reprodução

As atrizes Letícia Colin e Maria Casadevall também colocaram os seios de fora em forma de protesto para debater a aceitação do corpo feminino do jeito que ele é. Protagonista de Órfãos da Terra, próxima novela das seis da Globo, a atriz Júlia Dalavia é um exemplo das famosas que estão de bem com as próprias curvas.

"Está acontecendo uma transformação. Eu já me julguei muito, como qualquer mulher. A gente vive num mundo opressor. Nos é vendido que somos imperfeitos e que temos que nos adequar em padrões estéticos. É importante olhar para dentro, para o amor próprio e aceitar que todo mundo é lindo como nasceu. A representatividade tem um papel essencial para as pessoas se reconhecerem em todos o lugares", comenta ela, que já foi atacada nas redes sociais.

"Toda hora eu sou criticada sobre minha estética. Uma hora falam que você está muito gorda, muito magra, que precisa colocar silicone... Eu deixei de me afetar. Já me afetou muito, confesso, mas quando passei a me empoderar eu me aceitei", avalia Júlia.

Letícia Colina em ensaio para a 'Marie Claire' - Reprodução / Instagram Marie Claire

Quem também já sofreu com padrões estéticos foi a atriz Alice Wegmann, da mesma novela. "Ser mulher é f***. A partir do momento que eu comecei a entender isso, minha vida realmente foi ficando muito mais leve. Durante muito tempo eu dava muito peso aos padrões estéticos, o livro 'Mito da Beleza', da Naomi Wolf, mudou a minha vida. Somos julgadas o tempo todo pela estrutura do nosso corpo, ainda mais no meio da TV".

Foi no feminismo que Alice conseguiu aceitar seu corpo. "Antigamente eu dava entrevistas falando sobre diversas dietas que eu fiz. Hoje, não falo sobre isso, porque não quero que nenhuma outra garota adoeça tentando ser o que não é".

Elas não estão nem aí para as críticas da internet

Enfrentar o padrão não é fácil. Bruna Marquezine recebeu várias críticas no Carnaval de 2018 ao usar um top de pedras que cobria apenas a região dos mamilos. “Credo, que peito caído. 22 aninhos vai correndo

fazer uma cirurgia”, comentou um internauta, no Instagram. O tamanho dos seios de Bruna também foram alvo de críticas, mas a atriz não se abalou. Tanto que no Carnaval deste ano, Marquezine ousou ainda mais.

Já Maria Casadevall fez um topless no desfile do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, em São Paulo, mês passado. E foi mais um buxixo na internet. No Instagram, ela se explicou: “Meu peito à mostra não era um protesto. Não era uma manifestação feminista e não era um convite a coisa nenhuma. O meu peito à mostra, reconheço, estava ali protegido por todos os privilégios que me cercam como mulher branca e figura pública que garantiriam a minha integridade física. Meu peito à mostra foi fruto de uma escolha pessoal, mas eu pude fazer uma escolha. E isso é um privilégio”. Letícia Colin foi além para falar sobre o assunto: estampou a capa da Revista Marie Claire de dezembro de topless. “Pelo dia em que nossos corpos nunca mais nos farão mortas”, comentou ela, no Instagram.

Autoestima em baixa pode virar doença

A psicóloga e psicopedagoga Joyce Ribeiro da Silva, da JRS Espaço Terapêutico, explica que se apegar aos

padrões impostos pela sociedade pode ser prejudicial à saúde mental. “A procura pela aceitação social, elevação da autoestima e o bombardeio da mídia são grandes fatores que contribuem para uma busca incansável de enquadramento e procura do corpo perfeito segundo os padrões ditados”. Para Joyce, a mulher que apresenta baixo autoestima essas questões viram um gatilho, produzindo patologias relevantes como distúrbios alimentares, depressão, ansiedade, isolamento social, alteração de humor. “A Psicologia auxilia no resgate do entendimento e do processo da construção de que cada sujeito é único. Isso ajuda a trazer entendimento sobre seu corpo”. Quando a pessoa se livra desses esterótipos, a visão em relação ao corpo muda. “Traz equilíbrio e bem-estar. A pessoa se sente mais segura em relação a sua autoimagem, que a sua beleza natural transcende a qualquer valor imposto”, diz Joyce.

Plásticas continuam em alta 

Mesmo com a aceitação do corpo, o cirurgião plástico Luiz Haroldo Pereira conta que o número de cirurgias não diminui. “Não chego a sentir a diminuição das plásticas. Em relação às cirurgias, eu sinto que a loucura diminuiu. As pessoas estão mais conscientes dos riscos da cirurgia e do pós-operatório. A busca de tratamentos com resultados rápidos também diminuiu, como era o caso do metacril”, comenta o médico, que confessa a existência de uma padronização da beleza. “Sim, existe essa busca pelo padrão que a sociedade impõe. Às vezes a paciente nem precisa. Depois que a gente diz que a pessoa não precisa da cirurgia, muitas saem até frustradas, mas bem orientadas. Não se deve banalizar a cirurgia”, destaca Pereira. O cirurgião plástico Fernando Bianco faz um alerta: “Na maioria das vezes, as operações são vendidas como descomplicadas e rápidas. Existe todo um cuidado no pós-operatório, que pode durar semanas ou até meses. As mulheres têm mais vontade de ficarem perfeitas, do que medo em ter

alguma complicação”, avalia Fernando.

Moda tem que ser usada a favor

A Consultora de Imagem e Estilo Sophia Marins confessa que o corpo influencia muito na hora de se vestir. Mas que não há nada de errado em ter os seios pequenos, estar um pouquinho fora do peso, pois dá para adequar a moda a favor. “A pergunta é se a mulher está feliz. Podemos ajudar a camuflar o que está  incomodando e destacando os pontos mais fortes. É uma cirurgia plástica visual, é possível ter como aumentar, diminuir. Usar as roupas a favor para toda mulher ficar mais confiante”, ensina. A profissional ainda dá dicas para a mulher se sentir poderosa. “Tem roupa que fica mais bonita e elegante em quem possui seios pequenos e outras naquelas com seios grandes. Existem truques. Se ela não sentir confiança

nela mesma, quem vai sentir?”, questiona. O uso da transparência, que deixa as partes íntimas muito à mostra, assim como Bruna Marquezine fez, exige, é claro, cuidados. “Fica lindo e sensual, mas é preciso ficar atenta para não pular do sexy para o vulgar”, adverte Sophia Marins.

*Com colaboração de Leonardo Rocha e Nathalia Duarte

Bruna Marquezine Agência Brazil News
Maria Casadevall (Foto: Reprodução) Reprodução
Letícia Colina em ensaio para a 'Marie Claire' Reprodução / Instagram Marie Claire
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