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Caldeirão 20 anos: Fly conta suas histórias ao lado de Luciano Huck

Coreográfo trabalhou na atração durante 12 anos

Fly conta seus momentos no 'Caldeirão do Huck'
Fly conta seus momentos no 'Caldeirão do Huck' -
Ao falar do “Caldeirão do Huck” é impossível não lembrar de uma figura que é quase um patrimônio do programa. O diretor artístico, educador financeiro e coreógrafo Fly Vagner, de 49 anos, fez parte da atração por mais de uma década. Depois de uma longa temporada trabalhando com Xuxa Meneghel, Fly foi convocado para se juntar ao “Caldeirão” e estrear ao lado de Luciano Huck nas tardes de sábado.

A parceria com o apresentador começou em 2000 após Marlene Mattos, então diretora do programa, entender que a atração precisava de um coreógrafo e decidiu que seria uma boa ideia ter Fly na equipe. A princípio, a missão dele era cuidar da coreografia das assistentes de palco, mas a partir dali, Fly e Huck criaram uma irmandade que permanece até hoje.

"Entrei na Globo em 1990 com o 'You Can Dance' e trabalhei com Xuxa por 25 anos. Em 1996, comecei a atuar como coreógrafo e atender outros produtos dentro da casa”, explica.

Dentre os 29 anos de trabalho na emissora, o carioca esteve à frente do quadro "Lata Velha" por 12 anos, e logo no início percebeu que estava lidando com um desafio pessoal e profissional. "Quando esse quadro caiu no meu colo, me falaram: 'Fly você vai fazer o menino dançar Michael Jackson'. Entendi que tinha uma responsabilidade muito grande em atuar com pessoas que não sabiam dançar e foi um diferencial que fui trabalhando durante muitos anos. Porque colocava em prática uma frase que funcionava muito bem ali: 'Se errar não tem problema'. Trabalhava muito mais o psicológico da pessoa do que a coreografia em si", disse.

Para o diretor, o "Lata Velha" foi um divisor de águas na carreira, principalmente para ele "entender a dificuldade de cada participante". Até então, Fly fazia parte de um grupo de dança e deu largos passos até assimilar seu novo papel dentro do programa: "Não virei coreógrafo, eu fiquei coreógrafo".

Com todo gingado e carisma, ele foi responsável por ajudar pessoas a conseguirem algo de valor pessoal. Os participantes nem sempre sabiam dançar e, por isso, o coreógrafo conta que já precisou tirar "água de pedra em alguns momentos", mas que todos valeram a pena. "Se prestarem atenção, eu sempre estava no canto do palco dançando junto, fazendo o papel do espelho para ajudar. A lágrima caía toda vez que eu acabava um 'Lata Velha'", relembra.

Após mais de uma década depois e muitas emoções, Fly precisou sair do "Caldeirão" para trilhar outros caminhos dentro da Globo. Entretanto, foi ali nos bastidores do programa, com toda liberdade que tinha, que percebeu que poderia expandir seu lado artístico. Ainda cuidando das coreografias, ele tinha aval para deixar cada cena das performances do “Lata Velha” do jeitinho que queria, e foi assim que surgiu um outro convite.

“Eu já tinha vontade de virar diretor dentro da Rede Globo. Paralelo a tudo que eu ia fazendo no programa, ia estudando todas as áreas dentro da emissora. Por isso, quando eu assumi o ‘Lata Velha’, entendi que não se tratava apenas de coreografia. Eu tinha que tomar conta de tudo, todos os profissionais envolvidos no quadro, figurino, cenografia, produtor de áudio e dirigia até a luz. Era como se eu fosse um diretor conduzindo não só toda essa equipe, mas também a coreografia. O mais legal é que a direção do programa me dava essa liberdade e a magia acontecia”, ressalta. Foi então que surgiu o tão esperado convite: "Eu sai do Luciano para ser promovido. Hoje sou diretor artístico".

Fly também protagonizou o quadro "Dance Com Fly" e explica como surgiu a ideia de fazer um vídeo ao lado de Danny Bananinha em que ele ensina como conquistar uma mulher na balada. "Tinha saído na noite anterior a gravação, estava solteiro e desacostumado com a noite do Rio de Janeiro e fui para Ilha dos Pescadores, na Barra. Naquele dia, saí para curtir e me assustei com o que vi. Os caras pegando as meninas pelo braço, querendo beijar a força e aí eu pensei: 'Tem alguma coisa errada. Quer saber? Vou ensinar essa galera chegar em uma mulher'. Cheguei em Danny falando que tinha uma ideia e perguntei se ela topava fazer comigo. Gravei e, naquela época, não deu repercussão nenhuma", diz.

"Depois de algum tempo, todo mundo começou a falar que eu estava nos assuntos mais comentados do Twitter. Achei loucura, porque foi uma coisa que eu fiz há muitos anos", afirma, surpreso. "A garotada me idolatra! Outro dia fui buscar minha filha no colégio e os colegas dela ficavam falando: 'Seu pai é o cara'", comenta rindo.
De todos os anos no “Caldeirão do Huck”, Fly guarda muitas recordações, mas um momento em especial ele não esquece. "Teve um ‘Lata Velha’ que foi muito bonito para mim. Foi o das as meninas de São João de Meriti dançando 'Single Ladies' [música da Beyoncé]. Eu me emocionei, foi muito bonito. Por todo contexto e tudo o que se tratava", confessa.

O coreógrafo explica que ainda mantém contato com a equipe do programa e com o próprio Huck: "De vez em quando esbarro com todo mundo. É muito bom quando você volta para a casa que trabalhou e todo mundo te recebe bem. Porque não abandonei o 'Caldeirão', precisei crescer na minha profissão quando a Globo me deu a oportunidade e eu tava pronto. Por isso precisei sair do programa, para continuar acreditando no meu sonho".

Por fim, ele deixa um recado carinhoso: “Todo momento do 'Caldeirão do Huck' foi muito bacana comigo. Agradeço muito ao Luciano e a toda equipe e direção”.
 
*Estagiária sob supervisão de Larissa Amaral