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Famosos acusam Porta dos Fundos de gordofobia

Esquete chamada 'Teste de Covid' foi criticada por sua representação do corpo gordo

Fabiana Karla e vídeo do Porta dos Fundos
Fabiana Karla e vídeo do Porta dos Fundos -
São Paulo - Um vídeo produzido pelo canal de humor Porta dos Fundos, que tinha o intuito de divertir, acabou sendo criticado por gordofobia. A esquete "Teste de Covid" ridiculariza um homem gordo e insinua que ele não pegou o novo coronavírus por ter um "corpo podre". Vários ativistas mostraram indignação com o vídeo, entre eles a atriz e apresentadora Fabiana Carla e o humorista Leandro Hassum.
A apresentadora do "Se joga" afirmou que o conteúdo é um desserviço em tempos tão delicados. "Eu fico perplexa com a ignorância de ainda associarem um corpo gordo a doença e a desleixo. Aí você me fala 'Obesidade é doença' e eu te digo 'É!'. Mas que tipo de pessoa, então, ri de doente? Com problemas cardíacos, câncer... É isso que chamam de arte? Eu nunca fiz apologia à gordura e nunca farei. Eu sou adepta do movimento corpo livre, body positive e do bem estar e da saúde", começou.
"É irresponsável. Essas pessoas que escrevem piadas gordofóbicas são as mesmas que falam em empatia na internet e sobem hashtags nas redes sociais, mas escorregam em algo que pode afetar seriamente o psicológico de muita gente", concluiu Fabiana, que pediu desculpas aos colegas do Porta dos Fundos pela crítica pública. Mesmo assim, ela disse que não poderia se calar porque eles não pensaram nela quando produziram o vídeo gordofóbico.

"Alguns de vocês, inclusive, têm proximidade comigo a ponto de ter meu telefone e poderiam me ligar para perguntar se eu achava ofensivo. Eu espero que um dia a criminalização da gordofobia, que traz uma grande quantidade de machismo estrutural junta, seja uma realidade. Quem sabe a coisa mude, né? Mas, por enquanto, eu vou falar para você, gorda, que não tem o mesmo privilégio que eu, que não é chamada para programas de TV, seja apresentando ou contando histórias divertidas onde tem a oportunidade de mostrar que não são um corpo podre. Eu lamento muito que alguns colegas promovam esse desserviço artístico em tempos tão delicados porque estão com dificuldade de serem mais criativos. Vai ver é psicológico por conta da pandemia", completou.

"Foi mais fácil escrever uma cena para sacanear gordo e viralizar. É uma forma muito bacana de influenciar as próximas gerações, né? O que mais me estarrece é o quanto o engajamento pode ser seletivo e contraditório. Muitas vezes esses conteúdos são patrocinados. Eu acredito muito no amor como ferramenta. Só basta um pouquinho de empatia. Retirem o vídeo! Já causaram dor atráves de milhares de compartilhamentos. Mas ainda dá tempo de exercitar a empatia que vocês tanto pregam na internet. E a todos os atingidos pelo vídeo, não se esqueçam, vocês são maravilhosos. Esqueçam isso e entrem todos pela porta da frente, porque vocês são protagonistas", finaliza.

Quem também se manifestou contra o vídeo foi Leandro Hassum. Em seu Instagram, ele compartilhou uma montagem de seu corpo antes e depois de emagrecer e disse que quem é obeso merece respeito. "Esse corpo da esquerda nunca foi podre. Nem o outro. Possuo, assim como muitos brasileiros, uma doença crônica chamada Obesidade e me trato. Não é fácil. Vc que tb sofre dessa doença merece respeito", desabafou.