Com mais 35 anos de carreira, a banda Biquíni Cavadão planeja um novo álbum de músicas inéditas para novembro deste ano, o “Através dos Tempos”. Para a alegria dos fãs ansiosos, o grupo formado por Bruno Gouveia, Carlos Coelho, Miguel Flores e Álvaro Birita tem adiantado singles mensalmente. Em entrevista, o vocalista Bruno conta que o trabalho apresenta uma visão otimista, algo tão importante para o momento em que o mundo vive.
“Não se trata de nos iludirmos em um momento tão delicado do mundo e, principalmente, de nosso país. Mas é importante não perdermos a esperança. Este disco chega ao público em um momento bem melhor que aquele que vivíamos em março do ano passado. Hoje, temos como nos defender bem melhor deste vírus. Temos mais conhecimento, boatos desmentidos, máscaras que nos protegem enquanto as máscaras dos irresponsáveis caem. Superaremos isso. E o disco e a turnê vem para celebrar essa conquista”, diz Bruno.
"A Gente é o Que É", single mais recente lançado pela banda, ainda traz a reflexão de que juntos somos mais fortes. “Nós acreditamos que se chegamos ao século XXI com tantas conquistas e progressos, isso não se deveu por pensarmos todos da mesma forma. A diferença de ideias é fundamental para o nosso crescimento, mesmo que seja para ver como não se faz. Sempre existirão arrogantes achando que podem fazer todos pensarem de um modo apenas. Mas esse é um processo para gente debater ao invés de 'se bater'. Diversidade é fundamental. Afinal, a gente é o que é”, pensa o vocalista.
Bruno ainda comemora o retorno da parceria com o produtor Paul Ralphes. "Estávamos há 20 anos sem trabalhar com o Paul. Os fãs consideram o disco ‘Escuta Aqui’ (2000) um dos grandes de nossa carreira. Ao nos juntarmos novamente com Paul, reeditamos essa parceria com boas canções e produção impecável. Os fãs estão exultantes e nós também”, celebra ele.
Rock and roll
Nascida nos anos 80, a banda Biquíni Cavadão se destacou no cenário da música rock. Mesmo com as mudanças no gênero, o grupo se mantém na ativa. “Ainda temos muito prazer em compor e tocar ao vivo, juntos. Enquanto isso existir, continuaremos a ter sonhos e buscar conquistas”, diz Bruno, que reflete sobre a perda de espaço do rock para outros estilos como sertanejo e funk.
“A música mudou muito. Hoje, são os ‘memes musicais', como eu chamo, que fazem bastante sucesso. Isso não quer dizer que não haja, por outro lado, artistas criando belas canções... Visibilidade não é sinônimo de sucesso. Cabe a você, com seu senso crítico, decidir o que ouvir. De todo modo, ainda acredito que não é falando mal de fulano ou beltrano e, sim, elogiando os artistas que você curte, que poderemos mudar algo. Naturalmente, uma boa canção subindo fará com que outras tenham que descer de posição”, pensa.
Saudades dos palcos
Ao longo das três décadas de carreira, a banda já fez mais de 2500 shows, algo bem diferente do período da pandemia da covid-19. Neste período, eles fizeram apenas três. Isso, claro, deixa os integrantes com saudades das apresentações e do público.
“Com minha mulher grávida e o crescimento de uma doença sem previsão de vacina, não havia argumento que me fizesse sair de casa até o início de agosto… Nossa vida mudou da noite para o dia. E não será tão simples voltarmos. Espero que, em algum momento, a gente se lembre com clareza da alegria de fazermos um show tal como era em 2019, sem medos, máscaras ou distanciamento”, pensa Bruno.
Devidamente vacinados, os integrantes da banda pretendem voltar a rodar as estradas do Brasil em 2022 com a turnê do disco “Através dos Tempos”. Para que isso aconteça, Bruno reforça o pedido de vacinação aos fãs.
“Eu sou o caçula da banda e tomei a minha segunda dose no início de setembro. Se for preciso mais doses, estarei à postos. Estamos felizes com a retomada gradativa, mas precisamos de mais gente vacinada. Precisamos ter a colaboração de todos. Isso evitará que a gente desenvolva novas variantes. A classe artística foi a primeira a parar e será a última a retomar. Com a ajuda de todos, venceremos esta etapa”, finaliza o cantor.