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'Sempre que posso junto minha tropa e meto o pé', brinca Jojo Todynho

Bianca convidou a funkeira para cantar com ela o hit 'Tropa das Soltinhas'; as duas ainda falam sobre projetos, planos e mais

Jojo Todynho, Gabily e Bianca
Jojo Todynho, Gabily e Bianca -
Dona do hit 'Tudo No Sigilo', Bianca lançou o primeiro EP da carreira, intitulado 'Faces'. Uma das músicas deste trabalho é 'Tropa das Soltinhas', em parceria com Jojo Todynho e Gabily. Em um bate-papo exclusivo com o Meia Hora, Bianca e Jojo falam sobre a canção, revelam se costumam ir à balada com as amigas, desabafam sobre o preconceito no mundo do funk, adiantam projetos e muito mais. Confira a entrevista!

Bianca, conta um pouco sobre 'Tropa das Soltinhas' pra gente. Como foi a escolha da Jojo e da Gabily?
'Tropa das Soltinhas' é uma música que eu tenho há muito tempo guardada. Recebi essa música de um amigo meu compositor, o WK. Assim que escutei a música só conseguia visualizar a Jojo. Quando isso aconteceu, ela estava em 'A Fazenda' (reality da Record TV). Ela saiu, a maquiadora dela também é a minha e teve essa ponte. A gente se comunicou um pouco. Um dia mandei uma mensagem pra ela no Instagram, ela me respondeu muito rápida. Já viramos amigas, já saímos juntas e depois já estávamos em estúdio gravando. A Gabily somos amigas há um tempinho, já tínhamos gravados juntas a 'Ponte Indecente', dela junto comigo e com a MC Rebecca. Ela tem uma voz incrível.
Como você reagiu a esse convite da Bianca, Jojo?
Gostei porque eu sou uma pessoa muito metódica. O 'santo bateu'. Eu já tinha visto coisas da Bianca e sempre achei ela uma menina muito talentosa e muito boa. Boa no sentido pessoal. Quando ela mandou mensagem pra mim, já respondi de imediato. É bacana quando a gente grava e estabelece conexões com pessoas que a gente gosta, as coisas fluem mais. Não fica uma coisa robotizada, que está ali por mídia. Conheci a Gabily através de internet e dos trabalhos dela. Antes de gravar o clipe, tinha esbarrado com ela na festa da Júlia Peixoto (digital influencer). No dia do clipe, nós rimos, brincamos, foi uma conexão muito boa.
O clipe está lindo. Ficou do jeitinho que você imaginava, Bianca?
Achei incrível. No dia que estávamos gravando aconteceu a fatalidade da Marília Mendonça (que morreu em um acidente aéreo em novembro do ano passado). Fiquei até com medo de como seria o fim do clipe, porque estávamos tristes demais. A gente tentou de todos os jeitos que ficasse legal, porque estávamos muito mal. Mas amei o resultado, ficou do jeitinho que a gente queria.
Vocês costumam ir à balada com a tropa também?
Bianca: Sempre. Eu tenho uma tropa certinha que só dá nós.
Jojo: Sempre que posso junto minha tropa e meto o pé, é muito bom. Agora não, antes. Porque agora eu sou uma mulher casada, uma senhora. Mas posso sair com meu marido também e a tropa (risos). Sempre me reúno com as minhas amigas, porque isso é muito bom. É um momento único, que a gente está ali, extravasa, zoa. Tem a que quer beber - sou dessas-, tem a que vai zoar, vai subir no palco e vai quebrar tudo. Tem a que vai topar tudo, vai sair dali, vai pra um after e só chega no outro dia em casa. A gente quis relatar um pouquinho de cada tipo de amiga nesse clipe.
A história de vocês é parecida, né? As duas vieram debaixo, lutaram muito pelo espaço de vocês. Acabam se identificando com isso também?
Bianca: Com certeza, a gente sabe que não é fácil. A gente está na mesma luta. Se todo mundo se ajudasse, desse a mão uma pra outra... Principalmente as mulheres. A gente luta tanto, enfrenta tantos preconceitos ainda. Tem muita coisa sendo quebrada, mas ainda tem preconceito com a mulher funkeira. Então, é legal quando a gente se junta e consegue fazer tudo o que a gente quer, da forma que a gente quer.
Vocês já são famosas. Esse preconceito é velado ou ainda é escancarado?
Jojo: O preconceito nunca vai acabar. Isso é uma luta que a gente vai levar pra toda vida. A gente tem que 'botar peito'. Quando tem uma Jojo, uma Bianca, uma Gabily, uma Ludmilla, Luísa Sonza, Gloria Groove pra mostrar que somos resistência. 'Estamos aqui e vão ter que nos engolir'. Uma questão que é importante ressaltar é que as mulheres que estavam lá atrás brigaram pela gente, como: Deize Tigrona, Tati Quebra Barraco, MC Kátia, as mulheres frutas, Verônica Costa, Valesca Popozuda... Todo mundo que abriu esse leque: 'Somos funkeiras, sim. Respeita nosso espaço'. Hoje, nós, que somos da nova geração, estamos cada vez mais fortes, porque tivemos grandes mulheres que abriram esse caminho. Assim como tem Anitta, Ludmilla, MC Danny, MC Carol que são mulheres com fala, que canta seu funk. Cada uma com seu estilo, mostrando seu trabalho, seu talento.. Essas são várias referências que vieram quebrando esse tabu, 'metendo o pé na porta', 'botando peito'. Tipo assim: 'Ei, abaixa seu machismo que a gente vai passar'. É isso, a luta continua.
Bianca: As mulheres tinham um pouco de medo ou menos abertura pra estar no mercado. Antigamente você só via homem. A gente está conseguindo quebrar barreiras e vemos as mulheres no topo. E sempre tem uma pessoa falando sobre a gente, você vê a Luísa Sonza, ela está no topo e sofre com isso (as críticas e o preconceito).
Acredito que seja mais difícil as pessoas peitarem vocês, por serem mulheres de atitudes, empoderadas...
Jojo: O que me dá mais orgulho é ver mulheres se levantando, se estruturando e mostrando o que quer. Todos os dias tem casos de feminicídios. É muito triste ver mulheres assassinadas por homens que acham que são donos delas, que pode falar e fazer o que quer. E não é bem assim. Quando a gente se posiciona e diz que 'aqui ele não canta de galo', é diferente. Isso faz com que meninas se inspirem na Bianca, em mim, na Gabily... Tipo: 'Não vou aturar isso, aceitar, eu quero ser isso. Eu posso usar meu cropped, meu shortinho'.
Bianca: Até porque roupa não define nada. A gente rala muito. É injusto as pessoas falarem isso. A gente ainda tem o preconceito da mulher no funk, a gente coloca a bunda de fora e 'é só isso que a gente sabe fazer'. Somos chamadas de todos os nomes errados possíveis, somos xingadas. E as pessoas invalidam nosso trabalho. É muito triste.
Bianca, seu EP se chama Faces. É seu primeiro trabalho grande, como se sente?
O que eu quis trazer nesse EP é um pouco de mim mesmo. É meu primeiro trabalho grande, EP. Queria muito mostrar minha identidade nesse trabalho. Porque ele vai ficar marcado na minha vida. Foi um processo bem legal e eu fico muito feliz, né? Eu quero muito que as pessoas escutem pra saber um pouquinho de mim.
E quem é a Bianca dos palcos, fora dele?
Sempre tento levar muito de mim pro meu trabalho. Tenho muita vontade que as pessoas conheçam a Bianca e que se identifiquem comigo. Mas óbvio que a Bianca do palco é 'a Bianca do palco'. Aí tem a Bianca mais séria, dos negócios e a gente vai separando.
E você, Jojo. É uma mulher de muitas faces?
Sou, mas sou um pouco metódica. Sou muito séria, então, sempre revelo as minhas faces pras pessoas que me conhecem muito. Na internet, sou mais durona. Porque é muito ruim você ter que ficar se provando o tempo todo. E quando você quer mostrar um outro lado, o mais dócil, amoroso, as pessoas tentam te pisar, diminuir. Sou uma pessoa que abro o coração fechando.
Jojo, quais são os planos para esse ano?
Vou lançar um EP no fim do ano, que é de samba. Eu estou muito feliz. As pessoas vão poder conhecer um outro lado da Jojo, que não é só do funk. É a Jojo que canta um pouco de tudo.
Jojo Todynho, Gabily e Bianca Divulgação
Bianca Divulgação
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