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'O funk canta a realidade das favelas', diz MC Cabelinho

Cria das comunidades Pavão-Pavãozinho/Cantagalo, carioca que construiu carreira no funk vira fenômeno no rap

MC Cabelinho
MC Cabelinho -
Rio - Victor Hugo Oliveira do Nascimento, de 26 anos, mais conhecido como MC Cabelinho, é um dos nomes mais conhecidos da nova geração do funk. Criado no conjunto de favelas do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, no Rio, o cantor fala sobre suas origens no cenário da música, inspirações para sua construção como artista e a experiência de ter participado de "Amor de Mãe", novela da TV Globo, escrita pela autora Manoela Dias. Cabelinho comenta, ainda, como foi a transição do funk para o rap e a expectativa para o lançamento do seu novo álbum, intitulado "Little Hair", que em tradução livre quer dizer "cabelinho" em inglês.
Como foi sua entrada no mundo da música?
Comecei cantando na minha comunidade mesmo, tá ligado? Sempre tive vontade de fazer show, colocar minhas ideias para fora, viajar o Brasil e o mundo fazendo música. O grande lance foi agarrar a oportunidade que me deram. Mano, fiz daquela chance a minha vida e assim fui indo...
Quais são os artistas que te influenciam?
Eu tenho duas grandes influências na música. São o MC Orelha e a Amy Winehouse. É difícil até explicar, mas minha admiração é tão grande que tatuei na pele, frisou?
Você cresceu nas favelas do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo. Foi a partir da vivência nas comunidades que suas canções foram compostas?
Claro! Eu canto minhas vivências e o PPG (Pavão-Pavãozinho/Cantagalo) é o lugar que mais inspira minhas músicas. Só quem mora em favela entende as coisas que a gente passa. "Essência de Cria", que está no meu álbum, fala exatamente disso. Eu canto que "nada nessa vida vai mudar minha essência de cria". Quem é cria pegou essa visão, porque só a gente sabe. 
Como é para você ser um dos grandes nomes do funk atualmente?
Um orgulho. A essa altura do campeonato, todo mundo já tem que respeitar o funk. Pode até não gostar, mas não dá para ignorar o tamanho que tomou, frisou? O funk canta a realidade da favela e o meu sucesso é o dos meus também. 
Não tem como não citar sua canção "Até o Céu", em parceria com Anitta, lançada em 2019. Como foi a experiência de cantar com a Poderosa?
A melhor possível! Nem preciso dizer a importância da Anitta para o funk e para a música no Brasil. Gravar com a Anitta, mano, era papo de sonho porque ela é referência máxima em vários sentidos, tá ligado? 
Em 2020, o personagem "Farula", da novela "Amor de Mãe", teve um grande destaque. Como foi encarar um trabalho no horário nobre da TV Globo?
Foi uma experiência braba, me amarrei demais. Poder viver uma parada nova, TV, no horário nobre, somou demais para mim. Lembro que na época vários artistas renomados me deram um papo para maneiro, para eu estudar, acreditar no personagem, macete para gravar o texto. Foi um momento mágico, papo reto. 
Muitos jovens se inspiram em sua trajetória e o fato da sua origem humilde contribui muito para isso. Como você encarra essa imensa responsabilidade?
Eu procuro ser sempre fiel aos ensinamentos que aprendi com os mais velhos e com as minha referências no funk. Realmente é muita responsa, mas eu prefiro encarar como uma coisa boa. Sinto que posso ajudar a mudar a vida da menorzada e isso me faz feliz. 
Até o momento, qual foi sua maior conquista na carreira?
Dar um conforto para minha coroa e para toda minha família. Eles são a minha base e sempre me apoiaram, então ver eles bem é a minha maior felicidade. 
A sua passagem pelo funk foi marcada por grandes sucessos e isso é refletido em seus resultados no streaming. De onde veio a vontade de migrar para o rap/trap?
O rap e o trap estão chegando firme nas favelas e muitas vezes misturado com o funk. Eu estou sempre ouvindo trap e aos poucos a rapaziada do rap foi me abraçando também. Quando percebi já tinha algumas músicas prontas e essa vontade veio naturalmente. Desde então, tenho lançado vários traps e me sentido cada vez melhor em explorar essa vertente.
Os fãs estão na expectativa pelo seu novo trabalho, 'Little Hair'. Quais influências você buscou para esse novo álbum?
As minhas influências são sempre as minhas vivências, tá ligado? Só que dessa vez eu tive que estudar muito para adaptar minhas letras e melodias para o trap. Ouvi muito a rapaziada que já está no rap e troquei muita ideia com o Dallas e Ajaxx, os produtores da maioria das minhas músicas no "Little Hair", para fazer o trabalho da melhor forma. 
Além do seu novo projeto, quais são seus planos para 2022?
Quero rodar o Brasil divulgando o "Little Hair", porque foi um álbum que deu muito trabalho, foram três anos até finalizar o projeto e deixar do jeito que eu queria. Agradeço a Deus que o público esteja aceitando muito bem, quero que todos dos fãs do Cabelinho pelo país tenham a chance de ouvir as músicas pelo palco. Além disso, vou seguir com algumas parcerias e lançando singles. O pai nunca para!
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MC Cabelinho Vítor Silva/Botafogo

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