Rio - Flora Cruz não tem receio de quebrar barreiras. A influenciadora digital, filha do sambista Arlindo Cruz e da ex-porta-bandeira Bárbara Cruz, carrega a energia do samba vinda de berço enquanto busca seu próprio caminho. Voz das mulheres consideradas "fora dos padrões", Flora Cruz ingressou no universo da moda após perceber a falta de representatividade do corpo plus size no vestuário feminino. A influenciadora explica sua relação com o samba, a paixão pelo carnaval, a luta contra a gordofobia e as dificuldades enfrentadas como mãe solo.
Flora, você faz parte de uma família voltada para o samba. Qual é a influência dessa bagagem em sua vida?
O samba é a minha família. Me influencia em tudo, me cura e me alegra. Acho que o samba é o meu melhor amigo.
E como é a sua relação com o carnaval?
Para mim, o Carnaval é o momento mais esperado do ano. É a época que eu espero com mais ansiedade. Acompanho os ensaios, eu desfilo e me jogo. Amo o Carnaval e a Sapucaí. Essa relação cresce cada vez mais.
Você sente muitas dificuldades por ser uma mulher "fora do padrão"?
Muitas dificuldades! Ser fora do padrão, bancar a estrutura e ter a postura de uma mulher fora do padrão é bem complicado e complexo. A gente encontra dificuldade, mas tem que saber lidar com ela. Não tem o que fazer, é tentar quebrar esses paradigmas.
O que te motivou a ingressar na moda plus size?
Entrar em uma loja e não encontrar algo para vestir. Uma loja de departamento, shopping... É entrar e não ter o que vestir. É sempre muito ruim, feio e largo. Hoje em dia melhorou muito, mas a minha motivação foi a dificuldade.
Quais as suas inspirações nesse nicho da moda?
Quais as suas inspirações nesse nicho da moda?
Bruna Rêgo é a minha número 1 no quesito inspiração. Ela é maravilhosa, encantadora e um dia eu quero ser igual essa mulher em tudo. Ela é incrível. A Laila Brigido é uma fofa. Nós conversamos e trocamos ideias. O trabalho dela é encantador. Graças a Deus, hoje a bandeira plus size tem sido muito bem abraçada e representada.
Qual mensagem você pretende passar para as mulheres que se inspiram em você?
Qual mensagem você pretende passar para as mulheres que se inspiram em você?
Eu pretendo passar força para as mulheres. Tento passar força e coragem. Ser uma mulher gorda ou fora do padrão, seja ele qual for, é um ato de coragem todos os dias. Amor próprio e autoaceitação é o que as mulheres precisam, ainda mais com situações como relações abusivas. É necessário segurança.
Pretende ser uma referência para outras mulheres que encontram dificuldades com a autoaceitação e lutam contra a gordofobia?
Me considero uma referência porque eu recebo relatos e agradecimentos, um mais lindo que o outro, dizendo que eu mudei de alguma forma a vida da pessoa depois que ela me seguiu e me conheceu. Que é grata e reza por mim. É um amor muito lindo que eu recebo.
Você fala diariamente com mais de 120 mil pessoas no Instagram. Como é ser uma voz de impacto para as mulheres?
Você fala diariamente com mais de 120 mil pessoas no Instagram. Como é ser uma voz de impacto para as mulheres?
É maravilhoso! Uma missão encorajar essas mulheres. Sou muito grata à todos que me acompanham e me seguem. Sou muito grata. Sou eu o tempo todo, com minhas fraquezas, alegrias, meus rolês, sou muito eu, a Flora mãe e a Flora filha.
Qual é o peso na sua vida pessoal de abordar questões tão sérias como a gordofobia?
Não considero um peso abordar esses assuntos porque é a minha realidade. É muito o que eu vivo, o que eu sou e faz parte de mim. Mas até eu me aceitar, me identificar e entender que eu sou gorda, que mulheres gordas merecem ser felizes... A gente pode e merece ter um amor, a gente pode e deve colocar um biquíni, a gente pode e deve conquistar o mundo e correr atrás do nossos ideais. Sem dúvida! A minha vida pessoal e a gordofobia andam muito perto uma da outra, é quase a mesma coisa.
Como você lida com as críticas?
Como você lida com as críticas?
Confesso que as críticas me fortalecem cada vez mais. Sempre tem um dia que a gente não está bem, a crítica vem e balança, mas eu não permito que invada a minha vida e o meu psicológico como invadia e me fazia sofrer antes. O meu conteúdo é bem ousado, então acabo lidando bem com isso. Hoje eu lido bem com isso. Eu faço as postagens já sabendo que pode ter uma crítica e que está tudo bem. Aquela pessoa não me conhece, não me define e não vai me derrubar.
Como conciliar carreira, vida pessoa e a maternidade?
Como conciliar carreira, vida pessoa e a maternidade?
Sempre damos um jeito. A gente leva o filho para o trabalho, para o rolê, para a faculdade... Vamos tocando o que dá. O dia que a gente não der conta de tudo, está tudo bem. É não se cobrar tanto e fazer o possível dentro da realidade que você escolhe viver. Esse ano eu quero crescer, desenvolver e alcançar o mundo. Quero voar e isso só depende de mim. Estou disposta e estou indo. O meu momento está chegando. Muita novidade bacana chegando por aí, tem muita coisa boa. O rumo é a lua!
Reportagem da estagiária Letícia Pessôa, sob supervisão de Tábata Uchoa