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'Vou me jogar sem medo', afirma Xande de Pilares sobre sua participação na 'Dança dos Famosos'

Cantor diz que a experiência no quadro o ajudará nos palcos; ele ainda fala sobre seu novo álbum 'Pagode da Tia Gessy - Que Samba Bom' e adianta um novo projeto

Xande de Pilares
Xande de Pilares -
Xande de Pilares, de 52 anos, está mostrando todo o seu gingado na 'Dança dos Famosos', do 'Domingão com Huck', da TV Globo. No último domingo, dia 10, o cantor arrasou no forró eletrônico ao lado da professora, Lorena Improta. Em entrevista ao Meia Hora, o sambista fala sobre sua participação no quadro, seu novo álbum Pagode da Tia Gessy - Que Samba Bom', lançado no início deste mês, revela sua expectativa para o Carnaval e adianta novo projeto; confira! 
Além de bom cantor, você é bom dançarino? Por que você aceitou o desafio da Dança dos Famosos, do 'Domingão com Huck'? 
Teve um período na minha vida, entre meus 8 e 13 anos, que eu gostava dançar. Sempre gostei de dançar. Imitava Michael Jackson, dançava break. Quando você começa a cantar pra alguém dançar, você aprisiona o seu lado dançarino. Dá até pra você tocar e dançar, mas não dá pra você tocar, cantar e dançar. Então, isso ficou aprisionado. Aí vem a oportunidade da 'Dança dos Famosos'. Rola aquela dúvida, porque eu sou um cara muito tímido. Mas aí veio aquilo que me fez aceitar o convite. Hoje, eu canto sozinho. Então, a gente pode tirar como aprendizado. É a oportunidade que eu tenho de recuperar esse lado dançarino meu, que vai me ajudar muito atualmente nos palcos. Agora só depende de mim, vou me dedicar bastante, pra que eu faça uma boa participação independente se eu vou ganhar ou não. Eu vou me jogar sem medo de errar, se eu errar, faço o carão e vou embora.
Qual o ritmo que você está com vontade de aprender?
Eu sempre gostei de tango, ele tem uma certa semelhança com a gafieira. Ao mesmo tempo salsa. São duas coisas que eu nunca dancei. Já dancei gafieira, já sambei. A minha zona de conforto está aí. É meu ponto de referência para desenvolver as outras.
No início deste mês, você lançou o álbum 'Pagode da Tia Gessy - Que Samba Bom'. Fala um pouquinho sobre esse trabalho.
Sempre tive vontade de homenagear a tia Gessy. Apesar de eu ter sido criado como a maioria, o pagode da Tia Gessy é meu ponto de partida, é onde eu começo a entender minha história como profissional da música. A gente tem a Tia Doca, a Tia Surica, as tias do samba. E a Tia Gessy muitas vezes não era mencionada. Então, achei que seria minha função poder mostrar para as pessoas o que significa o pagode da Gessy, porque tem essa importância. Foi ali que eu me aproximei dos compositores e por isso me tornei compositor. Achei legal fazer um registro com o repertório mais organizado. A Tia Gessy está aí. Fico muito feliz de homenagear ela em vida, em ver a reação dela. Não tem coisa melhor do que ver a reação de quem você está homenageando.
Tem 30 músicas nesse álbum. Como foi a escolha desse repertório?
Uma loucura. Quando você vai fazer um audiovisual, você tem uma quantidade de músicas... Só que só pode no máximo 30 e eu cheguei a juntar 150. Acabei gravando 80. A minha história é muito longa, sou uma pessoa muito musical. Tem muita coisa que ficou de fora, inédita. Acabou o HD no dia, pra você ter uma ideia da sinceridade da história. Queria mostrar exatamente o que eu fazia naquela época. Quando saía o disco, eu tinha uma semana para aprender a cantar aquele disco todo no pagode. Não tinha essa coisa de ser artista. Era só ter um cantinho pra você tocar seu instrumento, cantar, reunir seus amigos. E o repertório é praticamente em cima dessa história toda, que eu vou lá no Fundo de Quintal e vou subindo até os anos 90. Depois, venho contando contando minha história atual. O Pagode da Gessy está me dando essa oportunidade, mais uma vez, de eu mostrar esse lado meu que quase ninguém conhece. Esse projeto é praticamente uma biografia.
Você se emocionou na produção desse álbum, já que ele conta sua história?
Toda hora vou na emoção. Porque acaba a música que você interpreta, vem a imagem de alguma época. De uma época muito difícil, que lembro que eu nem tinha instrumento pra tocar. Tinha o seu Aloísio, ali do Cachambi, que pegou um cavaco velho, do lixo, e reformou e me deu. E no mesmo dia teve um desentendimento lá, a pessoa quebrou esse único instrumento que eu tinha pra tocar. Quando a gente estava preparando o repertório da Tia Gessy, começamos a nos arrepiar. Porque eu vivi tudo. Esse projeto é muito a minha verdade, a minha história. Uma história que acreditei e vou acreditar enquanto estiver vivo. É a minha capacidade e sensibilidade dentro da música. Hoje, você ter o reconhecimento da Beth Carvalho antes de ir, do Zeca (Pagodinho), de te ver como uma pessoa que está seguindo o mesmo caminho. Isso não tem preço. Se reclamar, Deus castiga.

Na pandemia, você teve uma ligação com o pessoal da MPB. Teve parceira com a Zélia Duncan, agora faz parte do disco da Maria Bethânia...
Enquanto muitas pessoas tiveram suas dificuldades na pandemia, muito de nós tivemos, teve também sempre um ponto de alívio. O meu foi produzir. Pude me aproximar de muita gente que sempre admirei. Como é o caso da Zélia Duncan, do Aldir Blanc, que deixou a gente. Fiz uma música com a Zélia do que estava acontecendo, componho com Serginho Meriti, a música chamada 'Novo Normal'. Componho com Meriti 'Cria da Comunidade', que foi a maior surpresa que eu tive. Eu recebo o telefonema de Bethânia, fiquei sentado, paralisado. Ela diz que vai gravar a música, me convida pra gravar com ela. Isso é fruto das sementinhas que eu planto por aí. Sempre querendo chegar nesse reconhecimento. Uma das coisas mais maravilhosas é ser reconhecido por quem de certa forma te influenciou.
Você já se surpreendeu ao ser elogiado por quem você admira?
Aconteceu com o Caetano Veloso. Fiquei com uma vergonha danada. Ele falando que conheceu meu trabalho ainda no Revelação. E você fica sem reação. Quer ver outra? A Maria Bethânia. Estava assistindo a uma entrevista dela e ela elogiando meu trabalho. Não é que você não tenha capacidade, é que você não espera.
Qual a expectativa para a volta do Carnaval para a Avenida?
Primeiro, espero que a minha escola seja campeã. Eu nunca vivi isso. A gente se reunia, colocava nossas credenciais pra assistir desfile antigo (na época da pandemia). Espero que o Salgueiro seja campeão, que faça um bom desfile. Que todas as escolas tirem essa expectativa negativa. Fica aquela dúvida: 'será que vai ser o mesmo termômetro? Será que a Avenida vai estar lotada?... É um Carnaval totalmente inédito'.
Como está o seu coração pra essa volta como sambista?
Já mandei fazer a minha roupa. Quero estar todo de branco na Avenida. Até um tempo atrás eu estava preocupado. Hoje, não. Hoje, estou vendo uma coisa mas branda, a gente sabe com o que a gente está lidando, os médicos sabem. Ver o Carnaval... eu estou em uma ansiedade que você não imagina. Eu nasci em escola de samba, trabalho na Avenida desde criança. Estou ansioso pra ver o Carnaval depois da pandemia. 
E os planos profissionais para esse ano, tem mais coisa além do álbum?
Esse ano vocês vão ter uma surpresa muito boa. Eu vou interpretar um grande compositor. É um projeto muito bacana que está pra sair, mas é um projeto particular que pintou de um bate-papo. Queriam que eu fizesse um show de cavaco e voz no teatro. Aí, a gente resolveu fazer um projeto, que eu estou felizão.
Xande de Pilares Divulgação
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