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Maria Gal comemora estreia como apresentadora de TV: 'É a realização de um sonho antigo'

Atriz acaba de lançar o talk show 'Preto no Branco', em que discute assuntos como racismo e intolerância religiosa com convidados especiais

Atriz Maria Gal estreia como apresentadora de TV em talk show sobre pautas raciais
Atriz Maria Gal estreia como apresentadora de TV em talk show sobre pautas raciais -
Rio - Conhecida por atuar em novelas da Globo, Record e SBT, Maria Gal iniciou uma nova fase em sua carreira, na última quinta-feira, com a estreia de 'Preto no Branco'. O talk show exibido no canal BandNews traz a atriz de 46 anos em seu primeiro programa como apresentadora de televisão, além de ser a primeira vez em que uma mulher negra comanda e produz uma atração como esta em uma emissora brasileira. Nos seis episódios da primeira temporada, Maria discute assuntos que vão desde o racismo à intolerância religiosa com convidados especiais.
Primeiramente, o que inspirou o nome do programa?
Bom, nós sabemos que quando queremos nos referir de forma objetiva e clara utilizamos a expressão 'preto no branco'. A inspiração veio por se tratar de uma expressão popular como: vamos colocar tudo como preto no branco, vamos resolver ou vamos falar claramente. O nome veio desse momento de se falar abertamente de forma que possamos dialogar comigo ou com cada entrevistado, mas também com o programa e com a pauta racial e suas interseccionalidades, por isso ficou 'Preto no Branco'.
Você já tem experiência com as câmeras como atriz e criadora de conteúdo. Mas o que tem sido diferente, agora, como apresentadora de um talk show?
Como apresentadora é uma imensa responsabilidade estar completamente antenada com os temas, com os entrevistados e se colocando nesse lugar da escuta e do diálogo em relação às entrevistas. Estou bem feliz! Na verdade, é a realização de um sonho antigo. No SBT, eu tive uma passagem como repórter em um dos programas da casa, mas como apresentadora é a primeira. Obviamente, eu estou, humildemente, me inspirando na Oprah Winfrey, estou muito feliz e com muitas expectativas de como vai ser a reação do público. As gravações foram muito bacanas e enriquecedoras. E chegou a hora de ver como o público vai receber essas conversas e esses diálogos a respeito de temas tão contundentes.
E de onde surgiu a ideia para esse programa?
A ideia do 'Preto no Branco' surgiu após o assassinato de George Floyd e a partir das minhas experiências junto a empresas, seja como apresentadora de eventos ou palestrante, onde ficou muito perceptivo como as empresas estavam precisando de letramento racial, até para educar seus consumidores e fornecedores. Enfim, justamente por conta desse mito da democracia racial que nós vivemos por muito tempo. Então, a ideia do programa surgiu da percepção em relação às empresas e a esses interesses em mudar ou trabalhar em suas culturas nessa pauta. E, também, é óbvio me inspirando em alguns programas norte-americanos.
De que forma o 'Preto no Branco' se diferencia dos talk shows brasileiros que já conhecemos?
Ele tem mulheres negras na liderança, seja na função de showrunner, criadora, produtora ou diretora. 
Essa formação aconteceu por acaso ou foi algo proposital, considerando que você também é a produtora da atração?
Suponho que tudo na vida é uma questão de intencionalidade, então essa é uma pauta que eu já coloco na mesa com os parceiros, os patrocinadores, os fornecedores e os colaboradores. Nós cumprimos o nosso papel de ter representatividade na equipe e, para nossa surpresa, até tivemos mais, de forma intencional e objetiva, pensando no meu propósito de vida como pessoa, empresária, criadora de conteúdo e produtora.
Na sua opinião, qual é a importância de se discutir temas como o racismo e a intolerância religiosa na televisão?
É de extrema importância! O norte do programa é trazer essas pautas de uma forma leve, e nós sabemos de todas as questões relacionadas à própria intolerância religiosa, por exemplo. Quantas notícias vemos de terreiros invadidos todos os anos, a falta de empregabilidade negra, entre outras coisas? São temas extremamente importantes de trazer para o público e ter um contato direto com essas temáticas. Nós temos seis episódios de 26 minutos cada, com temas entre: racismo corporativo, intolerância religiosa, racismo na publicidade, racismo e finanças, e privilégio branco.
Qual público você tem em mente ao produzir o 'Preto no Branco'? E que reação você espera desses telespectadores ao programa?
Nós estamos falando de TV fechada. Quem consome TV fechada no Brasil, até devido ao valor, é o público branco e com condições de pagar mensalmente. Em paralelo a isso, nós também estamos distribuindo na internet e, dentro desse contexto, também conseguimos ter outro público, com menos acesso à TV fechada e com possibilidade de consumir pela internet. Ainda assim, fica uma parte do público que não tem tanto acesso, mas futuramente podemos pensar em compartilhar esses conteúdos com outros públicos.
Você acredita que o seu talk show pode causar um impacto na TV brasileira? Se sim, de que maneira?
Eu acredito que vai causar sim, por se tratar de algo inédito, algo que foi criado, produzido, dirigido, roteirizado por mulheres negras. O impacto é sensibilizar o público para entender que nós estamos falando de um tema que é nosso e não é apenas o problema do negro, é um problema de toda a sociedade, que deve agir em relação a isso. Já dizia Angela Davis: 'Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista'. E faço um pequeno adendo que, para isso, é preciso se educar e, principalmente, se letrar. Até porque estamos em um movimento contínuo em relação ao tema que veio para ficar, que precisa e vai ser aprofundado cada vez mais no Brasil, até nós podermos viver em uma sociedade mais igualitária para todos.
Atriz Maria Gal estreia como apresentadora de TV em talk show sobre pautas raciais Divulgação/Thiago Bruno
Atriz Maria Gal estreia como apresentadora de TV em talk show sobre pautas raciais Divulgação/Thiago Bruno
Atriz Maria Gal estreia como apresentadora de TV em talk show sobre pautas raciais Divulgação/Thiago Bruno

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